Marte, o planeta vermelho e quarto planeta rochoso, nomeado a partir do deus romano da guerra (Ares, na Grécia), mas também representante da masculinidade clássica, do fogo e da morte em muitas civilizações antigas (como a Babilônia), ainda hoje não é, para a cultura popular contemporânea, apenas um vizinho próximo no Sistema Solar. Entre todos é, sem dúvida, o planeta mais presente em obras de ficção. E isso se dá tanto por sua característica e intrigante cor vermelha, quanto também pelos achados históricos de suas primeiras observações.
No início do século XVII, foi um dos corpos celestes observados quando Galileu Galilei apontou um telescópio para os céus, um marco na história da ciência. No mesmo século Christiaan Huygens observou um pouco do relevo da superfície de Marte. Foi no século XIX, porém, que os equipamentos atingiram resolução suficiente para melhor identificação do terreno marciano.
O italiano Schiaparelli observou supostos “canais”, de origem não-natural, no planeta, enquanto, na mesma época, Percival Lowell, entusiasta da astronomia, construiu um observatório e publicou diversos livros sobre Marte. O planeta vermelho se tornou uma febre, que inspirou diversos autores, como H.G. Wells, Ray Bradbury e até mesmo C.S. Lewis. Hoje, sabemos que os canais eram apenas ilusão de óptica, causada pela menor qualidade dos telescópios daquele tempo.
Estrutura e solo marciano
Marte é bem menor, bem menos massivo e bem menos denso do que a Terra. Com raio médio de 3390 km, seu diâmetro acaba sendo metade do diâmetro de nosso planeta. Sua massa, de 6.42×10^23 kg, também é 11% da nossa. A gravidade em sua superfície, por isso, também é consideravelmente menor, correspondendo a 38% da gravidade terrestre.
Em termos da estrutura interna, seu núcleo é provavelmente formado, em sua maioria, por ferro e níquel, como o nosso, mas com cerca de 16% de enxofre. Contudo, uma diferença fundamental é o tamanho: quase metade do raio do próprio planeta é compreendido pelo raio do núcleo, mesmo este correspondendo a metade do raio terrestre. Ao seu redor, há um manto de silicatos, que, no passado, formou muitas das características geológicas do planeta.
Já a superfície é composta majoritariamente de minerais contendo silício e oxigênio e metais. É a grande presença de óxido de ferro que dá o famoso aspecto avermelhado. Ainda, não há água líquida, devido à baixíssima pressão atmosférica, menos de 1% da terrestre. Há, porém, muito gelo, em especial, na região dos polos (além de gelo de CO2). Já no passado, a história pode ter sido diferente, considerando que há formações geológicas específicas que indicam a passagem de água em outros tempos, além de minerais formados tipicamente na presença de água.
A superfície marciana também é repleta de crateras. E mais, grandes crateras. Já foram encontradas mais de 43 mil delas com mais de 5 km de extensão. Parte do motivo disso é que, apesar de seu tamanho reduzido em comparação à Terra, Marte tem uma chance relevante de ser atingido por objetos rochosos devido à sua proximidade ao cinturão de asteroides entre o planeta e Júpiter. Além de tudo, há vulcões, como o gigantesco Olympus Mons, que, apesar de inativo, é bastante importante por ser frequentemente listado como a maior montanha do Sistema Solar.
Atmosfera e órbita
Marte não tem uma magnetosfera como a nossa, o que causa frequentes interações dos ventos solares com a sua atmosfera, baixando a densidade da mesma. Essas interações também são responsáveis por auroras, semelhantes às vistas por aqui. Quando à atmosfera, é bem diferente da nossa. 96% é dióxido de carbono, sendo o resto argônio, nitrogênio e traços de oxigênio e água.
A distância média do planeta vermelho ao Sol é de 230 milhões de km, com período (tempo para uma volta completa) de 687 dias. O tempo de rotação, isto é, o dia marciano, é apenas um pouco mais longo do que aqui, com 24h e 39 minutos. A inclinação de seu eixo de rotação também é similar à nossa, com 25º, o que faz com que Marte também apresente estações do ano. E já para fora do planeta, há duas luas que compartilham sua órbita: Fobos e Deimos, com 22 e 12 km de distância, respectivamente. Seus nomes vêm do grego e significam “medo” e “terror” e representam os filhos e companheiros de batalha do impiedoso deus da guerra.