Enchentes que destruíram RS expõem fósseis de dinossauros mais antigos do mundo

As fortes ações de intemperismo ocasionaram no aparecimento dos fósseis na superfície.

Felipe Miranda
Imagem: Rodrigo Temp Müller.

A descoberta foi realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), do Rio Grande do Sul, apoiada pelo Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa). O fóssil foi encontrado em um sítio fossilífero na cidade de São João do Polêsine. O sítio possui fósseis datados do Triássico, o primeiro período da Era Mesozoica.

Apesar das análises ainda estarem em fase inicial, os cientistas já conseguiram datar o fóssil em aproximadamente 233 milhões de anos. Isso o coloca entre os dinossauros mais antigos conhecidos. A notável antiguidade deste fóssil não só o torna uma descoberta científica de grande importância, mas também fornece informações valiosas sobre os primeiros dinossauros.

“Vão ser justamente esses fósseis que ajudarão a gente a entender a origem dos dinossauros. E esse aí é um deles, ele vai ajudar, certamente, a gente a entender um pouco mais sobre esse momento, porque ele está entre os dinossauros mais antigos do mundo”, disse ao portal G1 o paleontólogo Rodrigo Temp Müller. Foi Müller quem liderou a equipe de buscas.

Após quatro dias de escavações com marteletes, bisturis e uso de resinas para ajudar na conservação e manipulação dos fósseis, os pesquisadores conseguiram remover o fóssil completo e ficaram surpresos com o nível de detalhes que obtiveram. Com cerca de 2,5 metros de comprimento, o fóssil é um dinossauro quase completo. Os dinossauros herrerassaurídeos não são muito altos e não ultrapassam muito a altura dos humanos.

Enchentes expõem fóssil de dinossauro no RS
Imagem: Rodrigo Temp Müller.

“As características de alguns ossos fossilizados revelam que o material pertence a um dinossauro carnívoro do grupo chamado de Herrerasauridae (conhecidos no Brasil e na Argentina). Pelo que se pode observar, o espécime representa o segundo herrerassaurídeo mais completo do mundo já descoberto”, diz Müller.

Os herrerassaurídeos viveram no Triássico superior e foram extintos ainda no Triássico, mais exatamente em torno do final do período geológico. Os dinossauros eram considerados de pequeno porte e as espécies do gênero possuem cerca de 4 metros de comprimento, no máximo.

Eles foram descobertos na década de 1960 e a maior parte dos fósseis encontrados estão no Brasil e na Argentina. Entretanto, alguns fósseis de dinossauros desse gênero também foram encontrados nos EUA, mas com um nível menor de detalhes.

A descoberta, feita em maio, ainda é muito recente, e muita análise ainda precisa ser feita. Os pesquisadores ainda precisam investigar mais e tentar entender se trata-se uma nova espécie, ou uma espécie já descoberta. Embora saiba-se o grupo em que ele se enquadra, identificar a espécie é uma tarefa um pouco mais difícil. Essa etapa de análise da espécie dever ser finalizada ainda esse ano.

Na mesma busca, os paleontólogos também encontraram fósseis de ancestrais dos mamíferos. Esses segundos fósseis estão mais fragmentados do que os fósseis do dinossauro.

Agora, muita gente está de olho nos sítios de fósseis no Rio Grande do Sul para ver se as enchentes trouxeram mais alguma novidade. Os sítios paleontológicos podem fornecer, em breve, novos fragmentos de fósseis não só de dinossauros, mas também de outras espécies.

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