Dispositivo consegue criar energia elétrica a partir das sombras

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Royal Society of Chemistry)

Pode não parecer fazer sentido, mas cientistas conseguiram criar um protótipo que produz energia elétrica a partir das sombras. A invenção foi chamada de Shadow-Effect Energy Generator (SEG).

Se puder ser aplicado em grandes escalas de formas eficientes, o SEG pode mudar a forma como produzimos energia, tanto na poluição causada quanto em espaço utilizado.

Ele utiliza basicamente o contraste entre a luz e a sombra para produzir a eletricidade. Ele não é um gerador complexo, e cheio de peças, é basicamente formado por algumas tiras douradas e uma placa de silício.

Ela é mais simples e menos custoso de se produzir do que as placas fotovoltaicas, as placas de energia solar comuns, segundo seus criadores.

Outra vantagem que ele possui em comparação às células fotovoltaicas, é o fato de que ao contrário das placas solares, as sombras não são indesejadas. Se você possui sombras, isso atrapalha a produção de energia por uma placa convencional, mas é desejável se você produz energia elétrica a partir das sombras.

Diferenças entre o SEG e as placas convencionais

O funcionamento é bastante diferente. Uma placa fotovoltaica funciona através de um efeito que Albert Einstein explicou em 1905 e que lhe rendeu o Nobel anos mais tarde, o efeito fotoelétrico.

Em resumo, o efeito fotoelétrico ocorre porque a luz ultravioleta e algumas outras faixas do espectro eletromagnético são capazes de agitar e retirar elétrons de alguns materiais.

E é basicamente isso que faz a placa solar convencional. A luz solar incide sobre a placa, e alguns materiais dela são colocados para emitir esses elétrons – a energia elétrica é o movimento dos elétrons.

Dessa forma, esse método é basicamente a conversão da energia dos fótons em energia elétrica – e é dessas duas partículas que vem o nome do fenômeno.

Já a SEG se aproveita de algo chamado ddp (diferença de potencial). Conforme disse em um comunicado de imprensa o cientista Tan Swee Ching , da Universidade Nacional de Cingapura: 

“Em aplicações fotovoltaicas ou optoeletrônicas convencionais em que uma fonte constante de luz é usada para alimentar dispositivos, a presença de sombras é indesejável, pois prejudica o desempenho dos dispositivos.”

No comunicado ele também explica como se dá esse funcionamento pelo contraste: “O contraste na iluminação induz uma diferença de tensão entre as seções sombra e iluminação, resultando em corrente elétrica”.

Por outro lado, ele precisa do contraste. Se estiver totalmente na sombra ou totalmente no Sol, o gerador não pode funcionar, pois não existe essa diferença de potencial. As condições ideias são meio a meio.

Uma outra aplicação interessante do SEG é em sensores que se autoalimentam. Já que ele precisa dos contrastes para funcionar, pode identificar alguém passando, e fazer o papel de um sensor de movimento enquanto se alimenta, por exemplo.

Os pesquisadores ainda trabalham em sua aprimoração. O estudo foi publicado no periódico Energy & Environmental Science.

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