Quando você pensa em um inventor, o estereótipo provavelmente é de um cara um tanto peculiar com uma série de invenções malucas e mirabolantes. E bom, nem sempre esse estereótipo está completamente errado, já que uma pessoa que deseja fazer uma máquina voadora em uma época em que ninguém voava, é bastante peculiar.
Santos Dumont, considerado no Brasil o pai da aviação, conquistou um feito incrível. Em 1901, conseguiu voar no primeiro balão dirigível. Até então, não se sabia como controlar a direção de voo de balões.
Em 1903, os irmãos Wright realizaram o que a Federação Aeronáutica Internacional (FAI) considera o primeiro voo controlado e motorizado em um aparelho mais pesado do que o ar.
Dumont realizou seu voo em 1906, mas ele foi propulsado por ele mesmo, sem rampas ou catapultas para ajudá-lo a levantar voo.
No dia 12 de junho de 1878, uma esquisita máquina começava a gerar um som como um zumbido – a sua hélice de movendo quando o piloto gerava uma manivela para que a hélice girasse.
Uma enorme multidão surgiu para observar o estranho aparelho – algo em torno de alguns milhares de observadores. Os espectadores, que se reuniram em um campo de beisebol em Hartford, no estado de Connecticut, no Estados Unidos, pagaram 15 centavos de cada para observar a grande máquina de Charles F. Ritchel.
A máquina voadora
A máquina era esquisita mas relativamente simples. Tratava-se de um cilindro de lona cheio de hidrogênio ligado a uma haste que segurava uma estrutura onde ficava o piloto, que controlava a máquina com uma mecânica como a de uma bicicleta.
Em torno dos anos 1880, Ritchel começou a criar diversas máquinas diferentes, registrando, segundo ele, mais de 150 patentes.
Ritchel em pessoa, era um pouco pesado para voar a geringonça. Assim, ele chamou o piloto Mark W. Quinlan para realizar o feito. O maquinista de 27 anos natural da Filadélfia foi extremamente corajoso.
Quando Quinlan levantou voo, foi rapidamente surpreendido por rajadas de ventos e parecia que uma tempestade estava por vim. Assim, o piloto adiantou a mostra pública, e guiou a máquina de volta aos entornos de onde decolou, pousando em um local muito próximo.
“O grande problema que os inventores de máquinas voadoras sempre têm diante de si é o arranjo pelo qual eles serão capazes de impulsionar seus frágeis navios diante de uma corrente adversa. Até que esse fim tenha sido alcançado, haverá pouco valor prático para qualquer invenção do tipo. Na máquina do professor Ritchel, no entanto, a dificuldade foi em grande medida superada”, disse na época a revista Harper’s Weekly, onde máquina voadora foi capa.
Em diversos voos públicos, a dupla enfrentou uma série de revezes, o que inclui concertar a hélice com um canivete a 3 mil pés de altura pendurado com uma corda. Sim, a máquina voadora quase custou a vida do piloto, Quinlan.
Por que ninguém o conhece?
Naquela época havia, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, com destaque para a França, uma febre por chegar aos céus por meio de máquinas.
Os inventores não se conversavam muito entre os dois continentes. Assim, o que ocorria nos Estados Unidos, por exemplo, geralmente não ficava tão famoso na Europa.
Além disso, por muita gente estar tentando realizar o feito de voar por meio de máquinas, muitas geringonças surgiam, das quais a maioria não possuía aplicabilidades futuras além de algumas demonstrações públicas.
Assim, a geringonça mecânica de Charles F. Ritchel não era um futuro plausível para os dirigíveis. Sua máquina voadora era, na verdade, um grande amontoado de peças mecânicas.
Todos esses fatores contribuem com uma dificuldade na disseminação da invenção, embora pioneira e impressionante, mesmo que pouco aplicável a tecnologias futuras.
“Há muitas estreias na história que foram esquecidas porque nunca levaram a uma segunda”, disse à Smithsonian Magazine Dan Grossman, historiador da aviação da Universidade de Washington, nos EUA.