Durante cinco semanas, cientistas serão “fadas madrinhas” no projeto Astrominas e mostrarão para meninas que é possível seguir carreira nas áreas científicas; inscrições podem ser feitas de 4 a 20 de maio.
Que tal conhecer e se interessar pelo universo da ciência, além de imaginar um futuro como astrônoma, neurocientista, engenheira, física, bióloga ou outras profissões interessantes? E tudo isso com a ajuda de “fadas madrinhas”?
Isso é possível com o Astrominas, projeto do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP que abre nesta segunda-feira inscrições para meninas, estudantes do 9º ano de ensino fundamental e 1º e 2º anos do ensino médio, participarem de atividades durante cinco semanas, com início dia 30 de maio (veja a programação abaixo).
Respeitando a quarentena e as recomendações da área de saúde, as atividades serão totalmente pela internet, com aulas, experimentos, murais, palestras, conversas com cientistas convidadas e orientação das chamadas “fadas madrinhas”, que vão compartilhar suas trajetórias e mostrar que as ciências, especialmente as ciências naturais e exatas, são áreas possíveis de serem exploradas por todas as meninas. Astronomia, Matemática, Física, Geociência e Astrobiologia são alguns dos temas abordados. A seleção será feita por sorteio, que levará em consideração cotas PPI (para pretos, pardos e indígenas). Após o curso, todas receberão um certificado.
O Astrominas é composto por cientistas da USP em diferentes momentos acadêmicos, de alunas de graduação a doutoras e professoras da Universidade. É coordenado por Elysandra Figueredo Cypriano, professora do IAG, e tem na comissão organizadora Lilian Maria Soja, mestranda do IAG, e as alunas Daniele Honorato, do IAG, Ivanice Avolio Morgado e Marina Izabela, ambas do Instituto de Física (IF) da USP. Há várias voluntárias e pesquisadoras que também participam do projeto.
Superando desigualdades
Segundo as organizadoras, além do caráter educativo, o Astrominas foi criado para superar uma desigualdade de gênereo na área de ciências. “A ciência apresentada nas escolas é quase que exclusivamente representada por nomes masculinos. Além disso, todo o processo histórico contribuiu para que os nomes femininos fossem invisibilizados. Sendo assim, é fundamental construir a imagem da ciência de uma forma mais feminina”, explica Daniele Honorato.
Elas também destacam o pouco incentivo às mulheres na área de ciências exatas, “isso gera dificuldades na escolha do curso, pela menina se achar incapaz ou com muita dificuldade dentro das exatas, apesar do interesse. Mas quando se é feita a escolha, o problema permanece, devido a uma sensação de não pertencimento dentro da carreira escolhida”, destaca Ivanice Morgado. “Por isso o evento é tão importante, há envolvimento de meninas de diversas faixas etárias”, explica.
Marina Izabela também enfatiza que a ideia de um evento inteiramente feminino desconstrói a ideia errada de que as meninas não fazem parte do meio científico. “Ainda há uma grande disparidade entre homens e mulheres nas áreas das ciências exatas. Mesmo que muitas grandes descobertas nessas carreiras tenham sido feitas por mulheres, não conseguimos nomear mais de cinco cientistas mulheres de cabeça!”, conta Izabela, destacando que isso ocorre por omissão dos nomes das mulheres ou simplesmente pelos créditos serem direcionados aos participantes masculinos da pesquisa.
Confira abaixo a programação do evento.
Por Thais Helena Santos para o Jornal da USP em 01/05/2020. Esse texto pode ser lido também neste link.