Segundo Sir Terence English, primeiro cirurgião a realizar um transplante de coração na Grã-Bretanha 40 anos atrás, é possível que corações de porcos já possam ser transplantados em humanos daqui a três anos.
Sir Terence afirma que o Professor Chistoper McGregor, seu pupilo em 1979, irá realizar a primeira cirurgia para transplantar um rim de porco geneticamente modificado para um humano até o final deste ano.
Ele acredita que isso poderia abrir o caminho para transplantes de órgãos mais complexos no processo chamado xenotransplante.
A falta de órgãos
A demanda por órgãos de doadores para transplante supera em muito a oferta, em junho do ano passado 280 brasileiros esperavam por um transplante de coração, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes.
Só em 2018, 30 mil pacientes esperavam por um transplante de órgão no Brasil, 1.286 desses morreram na fila de espera. Em outros países esses números são ainda alarmantes.
Segundo uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a cada dez pessoas que precisam de um rim – a parte do corpo mais procurada para transplantes – apenas uma consegue. Milhares de pessoas morrem todos os anos aguardando a cirurgia.
O que é xenotransplante
O transplante de um coração saudável de um animal para o corpo de outra espécie é conhecido como xenotransplante.
Há muito tempo vem sendo anunciada como uma via potencial para curar pessoas que sofrem de condições cardíacas limitantes e que ameaçam a vida.
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A Organização Mundial de Saúde define-o como: “Células vivas, tecidos ou órgãos de origem animal e fluidos corporais humanos, células, tecidos ou órgãos que possuem com estes materiais xenogenéticos vivos, tem o potencial de constituir uma alternativa ao material de origem humana e combater o défice de material humano para transplante.”
Os desafios desse tipo de transplante
O professor Christoper McGregor produziu dois genes que podem permitir que órgãos de porcos sejam usados em humanos e que acha que o método de sua equipe poderia funcionar para um transplante de rim que será realizado dentro de alguns meses.
Órgãos de porco podem ser uma boa escolha para transplante em pacientes humanos, já que seus órgãos tendem a ser similares em tamanho. Mas um grande desafio, é impedir que o corpo rejeite o órgão transplantado.
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Pesquisadores têm usado técnicas avançadas de edição genética para modificar os órgãos antes do transplante para evitar que isso aconteça.
Testes em primatas não humanos
Pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA conseguiram implantar corações de porcos dentro de babuínos, ao lado dos corações naturais dos macacos.
Os especialistas conseguiram manter os corações dos babuínos “vivos e batendo” por dois anos.
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Em outro estudo, no ano passado, pesquisadores alemães relataram que vários babuínos foram mantidos vivos por cerca de seis meses depois que seus corações foram substituídos por aqueles retirados de doadores de suínos.
Se esses experimentos acabarem sendo bem-sucedidos, os pesquisadores poderão eventualmente testar se transplantes entre espécies podem ser usados em humanos e potencialmente aliviar a demanda atual por órgãos doados.
FONTE / The Telegraph