Como o diabo é representado ao longo da história

Felipe Miranda
Imagem: Wikimedia Commons

Há diversas representações do diabo utilizadas hoje, desde versões mais animais, até versões mais humanas-demoníacas. O que as diversas versões possuem em comum, em sua maioria, são os chifres. O restante do corpo possui uma variação grande de representações, que variam de acordo com o tipo de retrato – se é religioso, de algum filme, ou série.

Essas representações partem, principalmente, da maneira com quem representa quer colocá-lo. As representações religiosas, por exemplo, gostam de o separar o máximo possível da figura humana, e o colocar como uma figura extremamente perversa, que cause medo. Já na famosíssima série Lúcifer, há uma representação de um ser humano – um homem bonito e sedutor, que com sua lábia seduz tanto homens quanto mulheres à sua vontade.

Para o cristianismo, o diabo é a personificação do mal e da perversidade. É quem aplica o castigo divino em quem não se comporta conforme os mandamentos sagrados. É o pai da mentira e de todos aqueles comportamentos que a igreja historicamente repudia.

Essa representação atual vem de uma construção histórica que passou por diversas culturas diferentes. Vamos ver algumas variações dessa figura.

A serpente

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Vitral na Igreja Protestante de Saint-Pierre-le-Jeune, Estrasburgo, França. Imagem: Godong / Reprodução

A serpente foi quem tentou Adão e Eva, no Cristianismo e no Judaísmo. No entanto, há algumas diferenças entre as duas. No Cristianismo, a serpente é Satanás. No Judaísmo, entretanto, não há uma associação direta entre o diabo e a serpente. Segundo o LiveScience, Marina Montesano, professora de História Medieval na Universidade de Messina, na Itália, disse que as referências a “Satàn”, na Torá (o livro sagrado judaico), significam “adversário”, “obstáculo” ou “inimigo”, e referem-se a quaisquer antagonistas, sejam humanos, sejam seres sobrenaturais.

O anjo caído

“Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!”, Isaías 14:12, referencia Satanás como o Anjo Caído, quando Deus o expulsa do céu.

“Os padres da igreja medieval primitiva, porém, elaboraram a figura de Lúcifer muito além do texto bíblico, fazendo dele o anjo rebelde e transformando-o no paradigma do orgulho como pecado capita”, diz Montesano, conforme o LiveScience.

A besta

Um retrato comum do diabo é na forma de uma besta, um animal que pode ser descrito de diversas formas diferentes, mas muitas vezes é uma mistura de diversos animais. As histórias antigas dizem que o Papa São Silvestre matou um dragão diabólico, impressionando sacerdotes pagãos e confirmando a fé cristã do Imperador Constantino, do império Romano.

O diabo alado

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Gravura de Gustave Doré ilustrando o Canto XXXIV da Divina Comédia.

A Divina Comédia, de Dante Alighieri, descreve os sete círculos do inferno. O protagonista passa pelos sete círculos antes de ficar cara a cara com o diabo.

Dante o descreve da seguinte forma: “duas asas poderosas, como convém a um pássaro tão grande; velas do mar nunca vi tão grandes. Não tinham penas, mas como de morcego”. [Canto 34: 49-51].

Animal com chifres

A imagem acima é uma arte que descreve Mateus 25:31-46: “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, ele se assentará no seu trono glorioso. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará os povos uns dos outros como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”.

Essa arte inaugura a representação do diabo como um bode.

Bonitão sedutor

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Satanás despertando os anjos rebeldes, por William Blake (1808).

Em 1667, John Milton, na obra “Paraíso Perdido”, descreve Satanás como um líder militar heroico e atraente. Obras recentes, como a já citada série Lúcifer, também o retratam como um homem fisicamente atraente.

Diabo vermelho

O diabo vermelho com um tridente é uma imagem recente, utilizada entre as últimas décadas do século XIX e início do século XX.

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A sátira de 1900 que zomba das feministas apresenta o clássico diabo vermelho de chifres. Imagem: Reprodução

O diabo do século 20

Crianças possuídas pelo diabo são o clássico dos filmes de terror. Essa reinvenção do Satanás foi muito utilizada em filmes de Terror a partir da década de 1970. Outras representações, desde a década de 1960, até os dias de hoje, também retratam o diabo como homens ou mulheres, atraentes ou não.

O romance “O mestre e Margarita”, de 1966, retrata o diabo como um estranho inteligente acompanhado por um gato falante.

Mas algumas dessas representações também remetem a tempos mais antigos. O diabo como um advogado é uma representação ainda da Idade Média.

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