Como e por que os idosos estão ficando mais inteligentes do que antes

Daniela Marinho
Imagem: Canva

À medida que as taxas de mortalidade em todo o mundo diminuem, o número de pessoas idosas (com 65 anos ou mais) está aumentando significativamente. Historicamente, o aumento da expectativa de vida era principalmente impulsionado pela redução da mortalidade infantil.

No entanto, atualmente, a redução da mortalidade entre os adultos mais velhos é o principal impulsionador desse aumento na longevidade. Essa mudança levanta questões interessantes sobre as habilidades cognitivas da população idosa e como elas mudam ao longo do tempo.

Maior capacidade cognitiva

Uma análise recente conduzida por Stephen P. Badham, da Nottingham Trent University, e publicada na Developmental Review, traz evidências convincentes de que os adultos mais velhos de hoje têm uma maior capacidade cognitiva em comparação com seus predecessores.

A pesquisa pode ser desmembrada em três partes. O primeiro estudo utilizou dados longitudinais para comparar as habilidades cognitivas de diferentes grupos de idosos ao longo do tempo.

Descobriu-se que os grupos mais recentes de idosos apresentaram desempenho cognitivo superior aos grupos recrutados anteriormente. Essa melhoria foi observada em várias medidas cognitivas, como memória, fluência verbal e velocidade cognitiva.

O segundo estudo concentrou-se nas diferenças cognitivas relacionadas à idade entre adultos jovens e mais velhos, revelando uma diminuição nos déficits cognitivos tradicionalmente associados ao envelhecimento.

Em outras palavras, a superioridade cognitiva dos jovens sobre os adultos mais velhos não é tão acentuada como costumava ser, sugerindo que os adultos mais velhos não estão apenas mantendo, mas também melhorando suas funções cognitivas.

O terceiro estudo analisou dados de um único laboratório e constatou que as melhorias nas capacidades cognitivas dos adultos mais velhos foram impulsionadas principalmente por melhorias ao longo do tempo nos grupos mais velhos, enquanto o desempenho cognitivo dos adultos jovens permaneceu relativamente estável.

Stephen Badham, Professor Associado, comentou: “Muitas pesquisas já existentes indicam que o QI tem melhorado globalmente ao longo do século XX. Isso significa que as gerações nascidas mais tarde têm uma capacidade cognitiva superior às gerações anteriores.”

Educação, alimentação, estímulos cognitivos e cuidados com a saúde

Os pesquisadores identificam diversas razões para essa mudança. Desse modo, a educação desponta como um dos principais fatores. Nas últimas décadas, as oportunidades educacionais se expandiram consideravelmente, fornecendo aos adultos mais velhos uma base cognitiva mais robusta.

Além disso, uma nutrição aprimorada e estilos de vida mais saudáveis também desempenham papéis cruciais. Uma dieta rica em nutrientes essenciais, combinada com atividade física regular, promove a saúde cerebral e a função cognitiva.

Outro fator determinante é a estimulação cognitiva. O acesso crescente a estímulos cognitivos por meio de diversas fontes, como interações sociais, tecnologia e oportunidades de aprendizado ao longo da vida, tem auxiliado os idosos a manter e até aprimorar suas habilidades cognitivas.

Por fim, os avanços nos cuidados de saúde também têm sido fundamentais. Tratamentos médicos mais eficazes, cuidados preventivos e uma gestão aprimorada de doenças crônicas têm impactado positivamente a saúde cognitiva. Esses serviços oferecem suporte individualizado, incluindo cuidados de saúde mental, treinamento cognitivo e atividades sociais destinadas a manter a mente ativa e engajada.

O que precisa ser revisto

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“Como os adultos mais velhos têm um desempenho geral melhor do que as gerações anteriores, pode ser necessário rever as definições de demência que dependem do nível de capacidade esperado de um indivíduo. Isto ocorre porque a demência é definida como uma capacidade cognitiva abaixo do normal e os resultados atuais sugerem que, à medida que os idosos saudáveis ​​se tornam mais capazes cognitivamente, poderemos precisar de rever a nossa definição de normal ao diagnosticar a demência”, diz Badham.

Diante do exposto, é plausível considerar que essas mudanças possam servir como um incentivo adicional para impulsionar programas de saúde entre os idosos. Programas focados em educação, saúde, alimentação e estímulo mental representam uma oportunidade valiosa para fortalecer e expandir as habilidades cognitivas dos idosos, resultando em vantagens palpáveis.

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