Embora a Terra nos proporcione condições vitais, como tamanho adequado e a distância ideal do Sol, a colonização de outros planetas surge como um tema recorrente na ficção científica. O que antes parecia meramente imaginativo, agora flerta com a possibilidade graças aos avanços tecnológicos.
Desafios emergentes, como o aquecimento global, levantam uma questão: será que já perdemos a Terra? Seria mais sensato investir nosso tempo e recursos na busca por um novo lar?
A ciência, no entanto, nos oferece um vislumbre de esperança. Se implementarmos mudanças necessárias aqui, podemos prolongar nossa estadia em nosso planeta natal.
Surpreendentemente, uma eventual mudança de casa cósmica é inevitável. O responsável por isso não é nossa negligência ou ambição por expansão espacial, mas o próprio Sol. Sua evolução forçará nossa partida.
Não precisamos entrar em pânico ainda. Temos tempo – aproximadamente um bilhão de anos.
O Sol entre a vida e a morte
Estrelas de baixa ou média massa, como o nosso Sol, nascem de uma aglomeração de poeira e gás – uma nuvem molecular. Passam grande parte da vida queimando hidrogênio para produzir energia. Quando esgota este combustível inicial, a estrela se expande e inicia a queima de outros elementos. Mas chega um ponto em que isso não é mais possível. Dependendo da massa da estrela, ocorre um colapso – ela já não consegue produzir energia suficiente para combater sua própria gravidade.
Entretanto, ao contrário de uma supernova, a estrela não explode. Libera seu material externo em uma nuvem de gás e seu núcleo se transforma em algo novo: uma anã branca. Esta é uma pequena e densa estrela caminhando para o fim, envolta pela nebulosa planetária.
Astrofísicos têm bastante interesse nas nebulosas planetárias. Elas são como janelas abertas para a vida das estrelas e até mesmo para a galáxia. São comuns no universo e um espetáculo visual fascinante.
Entretanto, a beleza deste processo tem um lado sombrio para nós aqui na Terra. O Sol deve aumentar seu brilho em cerca de 10% a cada bilhão de anos. Pode parecer pouco, mas essa pequena alteração teria consequências catastróficas para nosso planeta. E tem mais: a transformação do Sol em gigante vermelha devoraria tudo no Sistema Solar até Marte.
Os cientistas conhecem bem todo esse processo. Observações confirmam as teorias da evolução estelar. Mas ainda existem perguntas sem respostas. Recentemente, novos modelos teóricos lançaram luz sobre algumas questões ainda sem solução sobre o fim do Sol.
O enigma das nebulosas planetárias
Décadas atrás, astrônomos fizeram uma descoberta intrigante. As nebulosas planetárias mais luminosas de outras galáxias apresentavam um brilho semelhante. Os dados confirmavam essa semelhança, permitindo até mesmo o cálculo das distâncias desses objetos. Porém, isso contradizia as teorias existentes.
Segundo os modelos teóricos, as estrelas mais antigas e de menor massa deveriam produzir nebulosas com brilho mais fraco. O contrário ocorreria com estrelas mais jovens e massivas. No entanto, as observações revelavam que até estrelas como o Sol poderiam gerar nebulosas brilhantes. Mas as teorias insistiam que isso só seria possível para astros com o dobro da massa do nosso sol.
Um estudo de 2018 publicado na revista Nature Astronomy trouxe uma nova perspectiva. Os pesquisadores, utilizando modelos teóricos atualizados, conseguiram prever um novo limite inferior para a formação de uma nebulosa planetária. Segundo eles, estrelas com massa próxima à do Sol seriam capazes de gerar nebulosas de brilho mais fraco. Já as estrelas com mais de três vezes a massa solar produziriam as nebulosas mais brilhantes.
Essa nova visão se encaixa bem com os dados coletados. Ela não só nos permite entender melhor a história das estrelas de baixa e média massa, mas também nos dá pistas sobre o futuro do nosso próprio Sol – e consequentemente, do nosso planeta Terra.