Um estudo recente revela os processos moleculares envolvidos quando uma espécie carnívora de fungo chamada Arthrobotrys oligospora que detecta, captura e consome um verme.
O pesquisador Hung-Che Lin da Academia Sinica em Taipei, Taiwan, e seus colegas apresentam essas descobertas em 21 de novembro na revista de acesso aberto PLOS Biology.
Normalmente, A. oligospora obtém seus nutrientes de matéria orgânica em decomposição, mas a fome e a presença de vermes próximos podem induzi-lo a formar armadilhas para capturar e consumir esses animais. Essa espécie de fungo faz parte de um grupo diversificado que pode prender e ingerir animais muito pequenos.
Pesquisas anteriores já iluminaram parte da biologia por trás dessa relação predador-presa, mas, em grande parte, os detalhes moleculares do processo permaneceram obscuros.
Para aprofundar o entendimento, Lin e colegas realizaram uma série de experimentos de laboratório investigando os genes e processos envolvidos em várias etapas da predação de A. oligospora em uma espécie de nematoide chamada Caenorhabditis elegans. Grande parte dessa análise baseou-se na técnica denominada RNAseq, que forneceu informações sobre o nível de atividade de diferentes genes de A. oligospora em diferentes momentos. Essa pesquisa revelou diversos processos biológicos que parecem desempenhar funções essenciais na predação de A. oligospora.
Quando A. oligospora detecta inicialmente um verme, a replicação de DNA e a produção de ribossomos aumentam. Na sequência, a atividade de diversos genes que codificam proteínas que auxiliam na formação e função das armadilhas aumenta, como as proteínas adesivas secretadas por vermes e uma nova família de proteínas chamadas “proteínas enriquecidas em armadilhas” (TEP).
Após A. oligospora estender estruturas filamentosas chamadas hifas para dentro do verme e digeri-lo, a atividade de genes que codificam uma variedade de enzimas conhecidas como proteases é intensificada, especialmente um grupo chamado metaloproteases. As proteases degradam outras proteínas, o que sugere que A. oligospora utiliza essas enzimas para auxiliar na digestão dos vermes.
Essas descobertas podem servir como base para futuras pesquisas sobre os mecanismos moleculares envolvidos na predação de A. oligospora e outras interações predador-presa fúngicas.