Cientistas encontram primeiro cometa com auroras

Felipe Miranda
(Imagem ilustrativa: Redação SoCientífica)

As auroras não são algo exclusivo da Terra.  Outros planetas, como Marte, Júpiter e Saturno, também possuem o fenômeno. Mas auroras em um cometa é uma grande novidade para os cientistas.

Auroras boreais (no hemisfério norte), e auroras austrais (no hemisfério sul), estão entre os fenômenos mais admirados no planeta Terra. A maior parte das pessoas nunca viu pessoalmente, mas temo acesso a fotos. 

O processo de formação das auroras, no entanto, geralmente precisa de uma atmosfera e uma espécie de campo magnético. É por isso, portanto, que as auroras em um cometa impressionam.

Quando os ventos solares atingem a Terra, as partículas altamente carregadas, conduzidas pelas linhas do campo magnético da Terra, interagem com as moléculas da atmosfera, liberando essa luz que chamamos de aurora polar. 

É, portanto, essa a interação que ocorre não só na Terra, mas em todos os outros planetas. Além disso, Júpiter tem campo magnético e atmosfera de sobra, produzindo essas lindas auroras da imagem abaixo:

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Agora, instrumentos da NASA à bordo da sonda Rosetta, da ESA (sigla em inglês para Agência Espacial Europeia), revelaram que o cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko possui suas próprias auroras.

Os cientistas detalharam os resultados da pesquisa em um artigo publicado na última segunda-feira (11) no periódico Nature Astronomy.

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(Créditos da imagem: ESA/Rosetta/NAVCAM).

A sonda Rosetta

A Rosetta carregava dezenas de instrumentos, distribuídos entre um módulo que pousou e a própria Rosetta, que ficou em órbita. Eram 22 instrumentos, no total, que conduziram, portanto, a análise mais detalhada já feita de um cometa.

“Rosetta é o presente que continua sendo oferecido”, diz em um comunicado da NASA o co-autor Paul Feldman, cientista na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

“O tesouro de dados que ela retornou ao longo de sua visita de dois anos ao cometa nos permitiu reescrever o livro sobre esses habitantes mais exóticos de nosso sistema solar – e pelo que consta, há muito mais por vir”, diz.

Um cometa com auroras

“O brilho em torno do 67P / CG é único”, explicou em um comunicado a autora principal do estudo, Marina Galand, uma pesquisadora do Imperial College London, na Inglaterra.

“Conectando dados de vários instrumentos Rosetta, fomos capazes de obter uma imagem melhor do que estava acontecendo. Isso nos permitiu identificar sem ambigüidade como as emissões atômicas ultravioleta do 67P / CG se formam” diz.

Eles descobriram que essas auroras são de luz ultravioleta. Portanto, não poderíamos enxergá-las a olho nu, apenas por câmeras especiais. Além disso, elas não são tão grandes quanto na Terra.

Um cometa com auroras
Esta animação compreende 24 montagens baseadas em imagens adquiridas pela câmera de navegação da espaçonave Rosetta da Agência Espacial Europeia orbitando o Cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko entre 19 de novembro e 3 de dezembro de 2014.
(Imagem: ESA / Rosetta / NAVCAM)

E essas auroras, no entanto, não são causadas por um fenômeno como o da Terra. Lá, ocorre a interação das partículas com as moléculas da cauda do cometa. Cometas não possuem atmosfera nem campo magnético.

“E agora, é o primeiro a detectar uma aurora ultravioleta em um cometa! As auroras são inerentemente empolgantes – e essa empolgação é ainda maior quando vemos uma em algum lugar novo ou com novas características”, diz o Matt Taylor, um dos responsáveis pela Rosetta, em um comunicado da ESA.

O estudo foi publicado na Nature Astronomy. Com informações de NASA e ESA.

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