Cientistas descobrem a origem dos ombros em fósseis antigos

Elisson Amboni
Imagem: Rian Hidayat

O corpo humano é o resultado de uma complexa engenharia evolutiva. Cada articulação, osso e músculo se combinam para produzir uma grande variedade de movimentos. Entretanto, as origens dessas partes do corpo permanecem um tanto misteriosas. Uma das maiores dúvidas nessa jornada evolutiva é a origem de nossos ombros.

Há aproximadamente 500 milhões de anos, nossos ancestrais eram criaturas semelhantes a peixes, sem mandíbulas ou nadadeiras. Com o tempo, desenvolvemos um conjunto diversificado de apêndices, o que nos permitiu caminhar, escalar e dirigir. Há muito tempo, os pesquisadores discutem se nossos membros evoluíram a partir de tecidos na base da cabeça ou das cristas musculares ao longo do corpo da criatura.

Fósseis de peixes antigos fornecem pistas

Recentemente, um estudo publicado na revista Nature nos deixou mais perto de responder a essa pergunta. Uma equipe do Imperial College London, do Museu de História Natural de Londres, da Universidade Estadual de São Petersburgo, na Rússia, e da Universidade de Michigan analisou a caixa cerebral fossilizada de um peixe de 407 milhões de anos da Sibéria, chamado Kolymaspis sibirica. Essa espécie é um dos primeiros peixes com mandíbula.

Crânio de peixe fossilizado datado de 407 milhões de anos atrás utilizado no estudo.
Uma imagem computadorizada da caixa craniana fossilizada de um peixe da Sibéria que data de 407 milhões de anos atrás foi analisada por cientistas para obter mais informações sobre as origens da anatomia humana. Imagem: Martin Brazeau

A equipe concentrou-se em um par de arcos branquiais na parte de trás da cabeça do peixe, que são estruturas ósseas que sustentam as brânquias dos peixes. O sexto arco branquial no fóssil do Kolymaspis sibirica mostrou sinais de transição do apoio à respiração do animal para a atuação como uma dobradiça na parte de trás da cabeça, que acabaria se desenvolvendo em nosso ombro atual.

Arcos branquiais e a evolução dos ombros

“Os arcos branquiais parecem ter participado da separação inicial da cabeça e do corpo por meio do ombro”, disse o autor principal Martin Brazeau.

Enquanto os peixes sem mandíbula podem ter entre cinco e 20 arcos branquiais, os peixes com mandíbula raramente têm mais de cinco. Isso apóia a teoria de que o sexto arco branquial foi incorporado ao que hoje é a articulação do ombro.

Em essência, as duas hipóteses propostas anteriormente podem estar corretas: o sexto arco branquial na base da cabeça pode ter se fundido com o corpo do peixe, incorporando-se ao ombro.

“Nosso estudo mostra que há mérito em ambas as teorias sem aceitar uma ou outra por completo”, afirmou Brazeau. “Em vez disso, podemos racionalizar as áreas que se sobrepõem.”

Compartilhar