Cientistas cultivaram cabelo humano em camundongos

Lorena Franqueto

A calvície, Alopecia Androgenética, é uma condição relacionada à fatores genéticos, hormonais e externos que estimulam a perda de cabelo, principalmente em homens. Já existem algumas opções de tratamento, porém a maioria delas apenas retardam a queda do cabelo e não revertem a calvície. Nesse sentido, o biólogo e fundador da startup médica dNovo, Ernesto Lujan, e sua equipe cultivam cabelo humano num roedor como uma nova solução.

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Crédito da imagem: Getty Images.

Como os cientistas cultivam cabelo humano?

Tradicionalmente, os seres humanos nascem com todas as suas células-tronco capilares, capazes de fazer o cabelo. No entanto, diversos fatores podem destruir essas células e, uma vez mortas, os fios capilares não crescem mais.

Com base nisso, Lujan e sua equipe buscam transformar células ‘normais’ nessas células-tronco capilares. Segundo o biólogo, seria como uma modificação na identidade dessas estruturas, já que as células não representam um ‘estado’ fixo. Ele disse: “podemos empurrar células de um estado para outro”.

A reprogramação de células também é comum também em outras áreas da ciência. A empresa Altos Labs, por exemplo, explora o rejuvenescimento das pessoas com essa técnica de mudança da identidade. Já a Conception, tenta aumentar a fertilidade transformando células sanguíneas em óvulos humanos.

Portanto, os cientistas modificaram geneticamente as células normais da pele e converteram-nas em células-tronco capilares. Após essa modificação, ocorreu a implantação dessas células num camundongo livre de pelos e, por consequência, cultivam cabelo humano.

A imagem a seguir mostra o resultado do experimento:

Cabelo humano cresceu em rato 1
Um close-up de um organoide da pele coberto com folículos pilosos. JIYOON LEE E KARL KOEHLER, HARVARD MEDICAL SCHOOL

Por enquanto, alguns medicamentos disponíveis no Brasil são: Minoxidil, Finasterida e Espirolactona, porém de uso limitado. Além disso, também acontecem ao redor do mundo algumas cirurgias para transplantar cabelo de outras regiões do corpo para a cabeça.

Com isso, Lujan diz que, no futuro, células formadoras de cabelo cultivadas em laboratório podem ser adicionadas à cabeça de uma pessoa com uma cirurgia semelhante a citada anteriormente.

Apesar dos bons resultados, a aplicação de um tratamento comercial com células-tronco capilares está longe de acontecer. Isto é, inúmeras pesquisas ainda são necessárias para atingir a cura da calvície.

Em resumo, Karl Koehler, uma professora da Harvard, também comenta: “Acho que as pessoas vão muito longe para recuperar o cabelo. Mas, a princípio, será um processo [a cirurgia] sob medida e muito caro”.

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