Células da pele ficam 30 anos mais jovens com nova técnica de rejuvenescimento

Dominic Albuquerque
O método conseguiu rejuvenescer células da pele em 30 anos, mas ainda não tem aplicações clínicas. Imagem: Pexels

Pesquisadores no Reino Unido desenvolveram uma forma de reverter o processo de envelhecimento em células da pele, rebobinando o relógio biológico em cerca de trinta anos.

Rejuvenescer células se tornou cada vez mais comum na última década, com pesquisadores reprogramando múltiplas células de camundongos, ratos e humanos. Mas, até então, nunca houve um rejuvenescimento de tantos anos de uma vez em células, e isso ainda mantendo seu tipo e função específicos.

O método, desenvolvido por um candidato a pós-doutorado no instituto Babraham em Cambridge, Diljeet Gill, junto a seus colegas, foi publicado na revista eLife, nomeado como “reprogramação transitória da fase de maturação”.

Os pesquisadores aplicaram a técnica a fibroblastos (um tipo comum de células da pele) de três doadores de meia-idade – com cerca de 50 anos – e as compararam com células mais jovens, de doadores de 20 a 22 anos.

Eles descobriram que as células dos doadores mais velhos eram similares às dos mais jovens, tanto química como geneticamente. Ao explorar mais a fundo, a equipe percebeu que a técnica tinha até afetado os genes relacionados a doenças associadas com a idade, como catarata e a doença de Alzheimer.

Além disso, Gill e seus colegas observaram o comportamento dos fibroblastos, para determinar se eles também conseguiam agir como células mais jovens. Ao lesionar uma camada das células, eles descobriram que as células rejuvenescidas logo se moveram para preencher a lacuna da lesão – da mesma maneira que as células jovens fazem quando estão curando ferimentos.

Os estudos e métodos de rejuvenescer células da pele

Esse não é o primeiro estudo a reverter o envelhecimento de células da pele. Esse título pertence ao vencedor do Prêmio Nobel, Shinya Yamanaka, que reprogramou geneticamente células da pele de ratos e as transformou nas chamadas células-tronco pluripotentes induzidas, no ano de 2006.

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Imagem de fibroblastos (células da pele) marcados com corantes fluorescentes. Imagem: iStock / Getty Images Plus

Essas células parecem com células no início do seu desenvolvimento, e têm o potencial de formular qualquer tipo de célula do corpo.

A nova pesquisa se baseia, em parte, no método de Yamanaka, mas há algumas diferenças importantes. O método de Yamanaka, por exemplo, leva cerca de 50 dias, e reprograma completamente as células até a idade biológica de um embrião.

O método de Gill, por sua vez, leva apenas 13 dias, e reprograma as células somente de maneira parcial, para que elas mantenham anda sua identidade (nesse caso, a identidade como células da pele).

Transformar células madura em células-tronco é ótimo para pesquisas, mas nem tanto para uso terapêutico. Isso porque, quando implantadas no corpo, essas células reprogramadas podem se tornar cancerígenas, além de que perdem a sua identidade e função celular original com a reprogramação.

Em contrapartida, células parcialmente reprogramadas, como as de Gill, mantêm suas especialidades de célula, ainda que possam também apresentar risco de câncer.

“Nossos resultados representam um grande passo rumo à nossa compreensão da reprogramação de células”, Gill declarou. “Nós provamos que células podem ser rejuvenescidas sem perder sua função, e que o rejuvenescimento parece restaurar algumas funções das células velhas”.

Ainda que promissor, Gill e sua equipe reconhece que o artigo é um estudo de prova de conceito. Eles não têm certeza de como fibroblastos de indivíduos mais velhos ou mais jovens reagiram ao novo método, ou se células de pessoas de idades bem diferentes sempre rejuvenesceriam nessa escala de 30 anos.

Além disso, ainda não se sabe como as células reprogramadas de Gill poderiam se comportar dentro de um organismo vivo, e se apresentariam algum risco.

O autor principal do estudo, Dr. Wolf Reik, diretor do instituto da empresa de biotecnologia Altos Labs e ex-investigador principal do Instituto Babraham, afirma que as implicações de longo prazo do estudo são muito empolgantes.

“Eventualmente, talvez possamos identificar genes que rejuvenescem sem reprogramação, e mirar especificamente naqueles que reduzem os efeitos de envelhecimento”, disse ele.

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