Casais de cavalos-marinhos realizam, todos os dias, um ritual de nado sincronizado que fortalece as relações entre os animais. Ainda, invertendo muitos paradigmas reprodutivos, o macho é que gesta e carrega os filhotes em sua barriga. Apesar de serem um exemplo de espécie monogâmica, um novo estudo indica que a relação entre dois cavalos-marinhos pode ser muito frágil.
Uma equipe de pesquisadores chineses, primeiramente, colocou um macho e uma fêmea da espécie Hippocampus erectus em um aquário. Os dois animais eram, até então desconhecidos, e permaneceram juntos até criarem vínculos – como o nado diário juntos – e se reproduzirem.
Depois disso, a equipe separou o macho em um segundo aquário por um período mínimo de 12 dias, e apresentou a fêmea a dois novos machos (um de cada vez), também separando-os após o vínculo. Os cientistas repetiram esse processo em 24 casais de cavalos marinhos.
Para terminar a novela, os autores juntaram os quatro indivíduos em um mesmo aquário para ver se a fêmea teria preferência pelo seu parceiro inicial dentre os outros cavalos-marinhos. Acontece que não houve qualquer indicação de que a fêmea de fato preferisse seu primeiro parceiro, e em geral ela escolhia aleatoriamente entre os três machos.
Hábitat dos cavalos-marinhos e conservação
A pesquisa, publicada no periódico Journal of Fish Biology, mostra portanto que as relações entre cavalos-marinhos são bastante frágeis em relação à separação. Segundo especialistas, isso pode ser um problema sério quando a mudança ambiental (a pesca por exemplo) começa a atingir estes animais.
Quando há uma variação ambiental do tipo, “você está desafiando ainda mais a habilidade [dos cavalos-marinhos] de encontrarem o parceiro certo e sustentar aquela ligação do casal e reproduzir com sucesso… e permitir que essas populações persistam,” diz a especialista Heather Koldewey, não envolvida com a pesquisa, ao Smithsonian Magazine.
Um outro experimento da pesquisa mostrou também que as fêmeas podem trocar de parceiro caso o seu par fixo esteja fraco ou doente. Isso reflete também uma adaptação reprodutiva à busca pelos parceiros mais aptos. Nesse caso, o objetivo é puramente evolutivo: deixar descendentes que sejam tão adaptados e saudáveis quanto possível.
“A primeira descoberta pode fornecer ideias a respeito de se espécies monogâmicas podem ainda ter uma oportunidade de re-selecionar um novo parceiro no futuro para corrigir decisões fracas uma vez que tenham se reproduzido com um parceiro de baixa qualidade.”, escrevem os autores.
“A segunda descoberta pode revelar as condições e timing nos quais uma fêmea de cavalo-marinho troca de parceiro. Estas descobertas nos ajudam a entender melhor o sistema reprodutivo dos cavalos-marinhos H. erectus“
A pesquisa está disponível no periódico Journal of Fish Biology.