Carros voadores são quase uma realidade. Mas quem, de fato, os pilotará?

Felipe Miranda
Carro voador da brasileira Embraer. Imagem: Embraer.

Muito se fala nas notícias futuristas sobre os carros voadores, que podem não estar em um futuro tão distante assim. Com os primeiros vislumbres dessas máquinas voadoras, surge uma dúvida: quem pilotará os carros voadores?

A Embraer diz que vai produzir o primeiro protótipo de carro voador em tamanho real ainda no ano de 2024 no Brasil, e que os ensaios de voo também ocorrerão nesse ano. A construção será feita pela Eve Air Mobility, empresa pertencente à Embraer, que já possui centenas de encomendas de seu veículo elétrico voador.

Usos e normas

O que nos referimos como carros voadores são, na verdade, eVTOL, que significia electric vertical take-off and landing, ou aeronave de decolagem e aterrissagem vertical elétrica, no português.

Essas aeronaves aterrissam e decolam na vertical, como helicópteros. No ar, realizam uma transição para uma movimentação horizontal, como os pássaros. Além disso, os eVTOLs utilizam energia elétrica para funcionar.

Como é tudo muito novo, na maior parte dos lugares, ainda não há regras, leis ou regulamentação dos eVTOLS. Assim, ainda não está claro o tipo de treinamento de um piloto desses veículos nem as regras exatas em que eles se enquadrarão.

Os Estados Unidos parecem interessados em pelo menos iniciar a regulamentação ainda esse ano. Por sua posição como um dos líderes globais, o país deve causar grande influência e servir como inspiração para regras de regulamentação em outros países também.

A China, extremamente avançada tecnologicamente, também deve estar entre os primeiros a regulamentar a modalidade. Na China, a empresa Ehang já conseguiu autorização para operar como táxi-aéreo experimentalmente. Com controle remoto, o veículo leva até duas pessoas e pode chegar a 130 km/h, custando cerca de 2,7 milhões de reais.

Quem pilotará os carros voadores?
EVTOL chinês. Imagem: Ehang.

Segundo a revista Veja, ele deve fazer uma viagem entre os aeroportos de Congonhas e Guarulhos com uma carga elétrica no valor de 12 reais. Ou seja, embora seu valor de aquisição seja alto, o de operação é consideravelmente baixo.

Quem pilotará os carros voadores?

As tendências internacionais demonstram que eles funcionarão muito bem como táxi aéreo, e que poucas pessoas físicas comprarão esses veículos, até porque são bem caros. A dúvida sobre quem pilotará os carros voadores é bem pertinente.

Outro fator que podemos tentar prever, é o de que não necessariamente o piloto será embarcado, ainda mais com o avanço na internet 5G que houve nos últimos anos. Muitos desses veículos, se não a maioria, serão via controle remoto, aumentando a sua carga útil.

Algumas empresas estão investindo em treinamento de pilotos por meio de sistemas de VR (realidade virtual). Assim, podem manter o treinamento um tanto barato, essencial para a democratização e acessibilidade dos táxis aéreos.

Nos Estados Unidos, um piloto de eVTOL de nível básico deve ganhar cerca de 50 mil dólares por ano. Os custos de treinamento e licenciamento, segundo o portal, devem girar em torno de 92 mil dólares. Em comparação, um piloto de companhias aéreas comerciais ganham, em média, 171.200 dólares por ano.

Dessa maneira, existe um espaço confortável para o salário de pilotos de eVTOLs crescer.

Entretanto, para que faça sentido, o táxi aéreo precisa ser acessível. Dessa forma, os salários não podem ser tão altos assim. Enquanto um avião pode levar centenas de pessoas, um táxi aéreo deve levar duas por voo. Assim, um salário de piloto de avião e os custos de operação são melhor distribuídos entre os passageiros.

Outro ponto em questão é se, pelo mundo, as regras de limites de horas de voos anuais se aplicarão também para pilotos de eVTOLs.

Como a tecnologia é nova, ainda está tudo muito nebuloso. Mas uma coisa é fato: muitas empresas investiram e investirão muito dinheiro no desenvolvimento e na fabricação desses veículos, então elas esperam um bom retorno. Como as regras se aplicarão, custos e usos dos eVTOLs e sobre quem pilotará os carros voadores, só serão mais claros com o uso e regulamentação, o que ainda levará um pouco de tempo.

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