Ser cético não significa não ter alguma espiritualidade. A verdade, a ciência é uma fonte de espiritualidade. Isso faz parte do que nos torna humanos. A espiritualidade não se liga, necessariamente, com a religião. Ter alguma espiritualidade significa uma conexão com algo maior do que você — seja esse algo o cosmos, ou algum ente religioso. Admirar e respeitar o universo é ter espiritualidade, independente de você ser ou não religioso.
A ciência é uma fonte de espiritualidade
Carl Sagan é um dos maiores nomes da ciência e da divulgação científica, e uma pessoa de extrema espiritualidade. Vê-lo falar da ciência e do universo demonstra facilmente esse fato. Uma frase bastante famosa de Sagan diz: “A ciência não é apenas compatível com a espiritualidade; é uma fonte profunda de espiritualidade”. Sagan falava muito sobre o ceticismo, o que acaba confundindo um pouco as pessoas. O ceticismo e a espiritualidade não são, de forma alguma, rivais.
Não apenas Sagan, mas outros grandes nomes também tinham uma boa relação com a espiritualidade. Einstein acreditava na íntima relação entre o progresso e uma maior conexão humana com a espiritualidade. Ele disse: “Quanto mais a evolução espiritual da humanidade avança, mais certo me parece que o caminho para a religiosidade genuína não está através do medo da vida, e do medo da morte, e da fé cega, mas através do esforço pelo conhecimento racional”.
A relação que essas pessoas possuem com a ciência demonstram um pouco sobre como podemos ter uma poderosa conexão com o universo. Nós somos feitos do universo, como já disse Sagan: “Somos feitos de poeira de estrelas. Nós somos uma maneira de o cosmos se autoconhecer”. Isso é uma maneira de se dizer que a ciência é uma fonte de espiritualidade.
Outro exemplo que podemos tomar é o grande Richard Feynman: “Os poetas reclamam que a ciência retira a beleza das estrelas. Mas eu posso vê-las de noite no deserto, e senti-las. Vejo menos ou mais?”.
Mas essa espiritualidade em relação ao universo também pode existir em união às religiões. Carl Sagan disse: “Uma religião, antiga ou nova, que enfatizasse a magnificência do Universo como revelada pela ciência moderna poderia ser capaz de atrair reservas de reverência e admiração dificilmente aproveitadas pelas religiões convencionais. Mais cedo ou mais tarde, tal religião surgirá”.
Metaconsciência e hiperconexão
Essa espiritualidade cósmica tem não exatamente um objetivo, mas um caminho rumo à hiperconexão. Isso poderia, em algum momento, gerar uma espécie de metaconsciência. Claro que isso em uma humanidade com muito mais espiritualidade e um melhor senso coletivo.
Na era da informação, estamos em caminho da hiperconexão. A conexão pelo mundo está aumentando exponencialmente. Pouco tempo atrás, se você quisesse conversar com um amigo em uma cidade vizinha, já teria problemas com o tempo. Agora, pode trocar suas ideias com uma pessoa no interior da Mongólia de forma instantânea, mesmo sem uma língua comum para a comunicação.
Podemos pensar na humanidade como uma grande rede neural. Nessa rede neural, cada ser humano é um nó, em temos de programação, ou um neurônio, em termos biológicos.
As visões mais otimistas acreditam que todo o problema que a tecnologia e a facilidade de comunicação estão trazendo, atrairão soluções. Afinal, os problemas nos forçam a encontrar soluções e ir em busca do progresso.
O problema é que precisamos superar um grande obstáculo. É uma grande ironia que a facilidade de comunicação causou bolhas. Podemos acessar as informações de maneira nunca antes vista. No entanto, estamos na era das fake news. O ódio está vencendo, e uma maior espiritualidade e senso de união da humanidade a ponto de gerar uma metaconsciência depende do fim desses efeitos colaterais.
Novamente, a ciência é uma fonte de espiritualidade. Com o conhecimento, a educação e a ciência, podemos ver o quão pequenos somos. Somos apenas mais uma parte do universo. E ter essa humildade faz parte da espiritualidade. Ao mesmo tempo, somos especiais, pois somos um acidente de uma probabilidade ínfima – já que até o momento somos o único ser inteligente que conhecemos em todo o enorme universo.
