Camada de Ozônio está se recuperando como nunca visto antes

Ruth Rodrigues
Desde o início dos anos 2000, os cientistas observaram uma remissão da camada de ozônio. |(Imagem: Studio023 / Fotolia)

Publicado na última quarta-feira, (25), um estudo feito por um grupo de cientistas norte-americanos comprova a recuperação da camada de ozônio. O trabalho está anexado na maior revista científica do mundo, a Nature.

De acordo com os pesquisadores, um contrato assinado por diversos países no ano de 1987 foi o principal responsável por essa redução na camada de ozônio. Conhecido como Protocolo de Montreal, o tratado visa diminuir a produção e a liberação de substâncias tóxicas, para que estas não destruam ainda mais a atmosfera.

redução da camada de ozônio
Reprodução/NASA

Uma dessas substância é o composto Clorofluorocarboneto, conhecido por CFC. Esse composto estava presente na fabricação de aerossóis e gás para produtos de refrigeração. No entanto, após a assinatura do Protocolo de Montreal, o CFC e seus derivados foram estritamente proibidos. Sendo produtos de uso imprescindíveis pela população, buscaram-se outras alternativas, e com gases menos nocivos a camada de ozônio, como o hidrofluorcarbonos (HFC) e perfluorcarbonos (PFC).

O buraco na camada de ozônio provocou uma mudança significativa nas correntes de ar que estavam presentes no hemisfério sul do planeta. Correntes de ar ou ventos térmicos, foi uma forma adotada pelos meteorologistas para calcular a modificação dos ventos nos polos opostos do planeta.

Correntes de ar e consequências para os hemisférios

No hemisfério norte, a corrente de ar fria vai se mover para a esquerda e a quente, para a direita. Enquanto no hemisfério sul, a corrente de ar quente move-se para a esquerda e a fria, para a direita. Habitando também entre os dois hemisférios, existem as chamadas correntes de jatos, que nada mais são que um subtipo de corrente de ar. Os jatos subtropicais e polares atuam nos dois hemisférios do planeta e são influenciados pela rotação da Terra.

No século XX, cientistas perceberam que o enfraquecimento na camada de ozônio estava movimentando a corrente de jato no hemisfério sul, ainda mais para o sul. O que acabou gerando oscilações nos padrões das correntes oceânicas. Esse fato só foi perceptível graças a simulações gráficas feitas por computadores potentes.

Coincidência ou não, o Protocolo de Montreal reduziu bastante essas correntes de jato. No entanto, apesar dessas reduções de substâncias tóxicas terem sido bastante positivas. Ainda não podemos comemorar, pois, diariamente os níveis lançados de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera aumentam consideravelmente.

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A camada de ozônio sobre a Antártica

Desde o ano de 1982, a Antártida nunca mais havia registrado um baixo pico no buraco presente na camada de ozônio. No entanto, isso mudou consideravelmente ano passado, em 2019. Apesar desse menor pico já apontado, as preocupações não estão 100% resolvidas.

Nos últimos anos, a China vem descumprindo o protocolo ao liberar, de maneira constante e em grande quantidade, gases que afetam corrosivamente a camada de ozônio. Apesar de ser uma ótima escapatória para a salvação da camada, o Protocolo de Montreal deve ser seguido ao pé da letra, e assim conseguiremos reverter os danos já causados.

“É o cabo de guerra entre os efeitos opostos da recuperação do ozônio e o aumento dos gases do efeito estufa que determinarão as tendências futuras”. Falou o químico atmosférico Antara Banerjee, da Universidade do Colorado Boulder.

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