Oficialmente, a ONG Save the Rhino estima que quase 10.000 rinocerontes foram caçados na última década. Desde 2015, todavia, caçadores ilegais vêm enfrentando novos combatentes: cães treinados para identificar armas e itens de caça. E aparentemente a estratégia está funcionando.
Apesar do número oficial de 10.000 rinocerontes, alguns ativistas acreditam que a situação é muito mais drástica. Carl Thornton, diretor e criador da ONG Pit Track, acredita que estes números podem chegar aos 30.000 animais.
“Realisticamente este número apenas mostra um terço do problema – nós podemos estar encarando números de 20.000 a 30.000 rinocerontes caçados na última década,” afirma Thornton ao TreeHugger. Além disso, mais de 1000 guardas florestais foram mortos por caçadores ilegais no mesmo período.
Entre 2015 e 2020, o número de rinocerontes abatidos por caçadores ilegais vem caindo drasticamente, com 394 animais abatidos por caçadores em 2020. A queda destes números, por conseguinte, pode ter uma relação com a ONG Pit Track.
Com uma força tarefa de soldados armados e cães treinados, unidades K9 avaliam agora todos os carros que entram no Parque Nacional Kruger, na África do Sul. De acordo com Thornton, isso dificulta profundamente a atividade dos caçadores ilegais, obrigando-os a se deslocarem a pé.
Treinamento e raças dos cães soldados
Desde as 12 semanas de idade, os cães da Pit Track passam por condicionamentos, treinamentos e seleção para a atuação no campo. Os animais, nesse sentido, são intensamente treinados a receberem um brinquedo quando encontram algum dos objetivos da equipe, como armas contrabandeadas e marfim.
Dentre as raças buscadas pela equipe de treinamento, estão principalmente pastores-belga, pastores-alemães, pit bulls terrier e pastores-holandeses. Além de terem um aprendizado rápido e alta obediência, os cães precisam também ser naturalmente atraídos por brinquedos e ter o faro altamente aguçado.
Além disso, os cachorros ainda passam por treinamentos para identificação e rastreamento de animais e humanos e, a partir disso, auxiliam em perseguições noturnas e de longa distância aos caçadores ilegais.
“Nossos caninos de rastreamento têm ajudado times em solo a superar complicações como rastreamento noturno, e complicações de rastreamento visual. Ser capaz de rastrear em tais condições se tornou uma grande dificuldade para os caçadores de rinocerontes. Eles estão frequentemente relutantes de entrar em reservas e procurar oportunidades de caça devido ao alto risco de serem rastreados e pegos pelos cães.”, argumenta Thornton.
Vale ressaltar, ademais, que grande parte dos caçadores ilegais do continente africano são financiados por grupos terroristas. Daí a fonte de suas armas e recursos para a caça.