Uma cachalote branca, animal marinho raríssimo de se ver, foi avistada por marinheiros a bordo de um navio-tanque petroleiro holândes na costa da Jamaica. Eles viram o animal em 29 de novembro de 2021 e seu capitão, Leo van Toly, gravou um vídeo mostrando o cachalote próximo à superfície da água.
Após a gravação, ele enviou o vídeo para sua parceira de navegação, Annemarie van den Berg, que é a diretora da organização de caridade SOS Dolfijn para a preservação das baleias da Holanda. Depois que recebeu a confirmação dos especialistas, o SOS Dolfijn compartilhou o vídeo em sua página do Facebook.
Avistar uma cachalote branca é algo muito raro
Com a enorme extensão do oceano, e o fato de ainda não conhecermos tudo sobre ele, fica bem difícil para os cientistas conseguirem dizer quantas cachalotes brancas existem. Esse animal é bem esquivo, e raramente sobe à superfície, sendo que costuma usar sua capacidade de mergulhos profundos para ficar nas profundezas do oceano por longos períodos.
“É fácil para uma baleia se esconder, mesmo uma que seja tão longa quanto um ônibus escolar”, disse Shane Gero, especialista em cachalotes na Universidade de Dalhousie no Canadá, “Portanto, mesmo que houvesse muitas cachalotes brancas, simplesmente não os veríamos com muita frequência”.
A última vez que o avistamento deste animal marítimo foi registrado ocorreu em 2015 em Sardenha, uma ilha italiana. Além desse, também foram vistos cachalotes brancas na Dominica, no Caribe, e nos Açores no Atlântico. Gero diz que tem a possibilidade de que o cachalote visto na Jamaica seja o mesmo visto na Dominica.
Além do cachalote, também ocorreram avistamentos de baleias de outras espécies, como a baleia-jubarte albina chamada Migaloo que tem sido vista em águas australianas desde 1991, e um par de baleias assassinas que foram vistas no Japão em julho deste ano.
As baleias brancas tem albinismo ou leucismo
O fato do cachalote e outras baleias serem brancas não é uma característica natural delas, e sim algo causado por doenças genéticas como o albinismo e leucismo. O albinismo faz com que o animal não consiga produzir a melanina, pigmento que dá cor à pele, e o leucismo afeta a produção da melanina em algumas células, podendo causar a perda total ou parcial da cor.
Baleias com leucismo podem apresentar apenas algumas manchas brancas, enquanto as que têm albinismo podem ser totalmente brancas. Mas apesar da diferença, Gero diz que não é possível diferenciá-los sem prova genética.
Alguns pesquisadores acreditam que a cor dos olhos pode ajudar a diferenciar as duas condições, visto que a maioria das baleias albinas possuem olhos vermelhos, porém isso ainda não é uma garantia. Gero diz que a cachalote branca vista na Jamaica pode ser albina, mas ainda não há nada conclusivo sobre isso.
Moby dick e a caça às baleias
As cachalotes brancas ficaram muito famosos no clássico romance de Herman Melville, Moby Dick. Na história, Moby Dick é uma enorme cachalote branca que está sendo caçado pelo capitão Ahab, que perdeu a perna por causa da baleia.
Por mais que seja um romance muito famoso, os críticos ainda debatem o porquê de Melville deixar o Moby Dick branco. Alguns acreditam que ele estava criticando o comércio de escravos, mas Gero acredita que a coloração da baleia não é tão importante quanto a forma que o livro mostra a relação entre os humanos com os cachalotes.
Em 1851, quando o livro foi escrito, estava acontecendo uma caça às baleias, principalmente os cachalotes, pois eles tinham em seu corpo gorduras e óleos valiosos, que ajudaram a desenvolver novas fontes de energia e tecnologia. “Antes dos combustíveis fósseis, essas baleias impulsionaram nossa economia, fazendo nossas máquinas funcionarem e iluminando nossas noites.” diz Gero.Porém a caça às baleias não foi uma ameaça séria para as cachalotes brancas, mas a ação humana atual como, derramamento de óleo e poluição de plástico, apresenta um risco para a vida desses e muitos outros animais marinhos. Atualmente, as cachalotes brancas estão listados como animais vulneráveis à extinção, mesmo não sabendo quantos deles existem no oceano.