Bruxa desapareceu do seu túmulo e está sendo procurada por autoridades

Giovane Sampaio
Representação. (Imagem: Wikimedia)

Lilias Adie, que viveu no condado escocês de Fife, na virada dos séculos 17 e 18, era uma pessoa normal na época. Sua vida não foi marcado por grandes eventos, a história a esqueceria se não fosse um motivo banal.

Em 1704, Lilias Adie entrou em algum tipo de conflito com um vizinho. Essa pessoa mentiu para as autoridades que Lilias era uma bruxa: acusando-a de corrupta e amiga do Satanás. Trezentos anos atrás, as pessoas acreditavam nisso seriamente. 

Lilias Adie foi presa e interrogada por um longo tempo. Como resultado, ela confessou bruxaria e sua ‘amizade’ com o inferno. As autoridades dificilmente teriam aceitado sua negação das acusações.

Mulheres acusadas de bruxaria, naquele período, deveriam ser queimadas em praça pública, mas o destino acabou sendo mais ‘misericordioso’ para Lilias Adie: ela morreu no final de agosto de 1704, sem esperar uma sentença. A principal causa da morte levada em consideração é o suicídio, já que ela sabia do destino que a aguardava.

O Washigton Post informou que o reverendo Allan Logan, responsável pela justiça local, enfrentou um problema difícil quando enterrou Lilias Adie. A bruxa, que confessou um relacionamento íntimo com Satanás, poderia ‘sair’ da sepultura e começar a prejudicar as pessoas vivas, sem mais medo das autoridades do condado de Fife. O medo dos mortos, naquele período, era bastante difundido, principalmente quando o morto tinha alguma acusação herege sobre ele.

Para evitar essa ‘ameaça’, o túmulo de Lilias Adie foi fechado no topo com uma laje de pedra especial. Não está totalmente claro como essa pedra poderia impedir que o morto se ‘desenterrasse’, mas o reverendo Allan Logan deu sua missão como cumprida e estava certo de que a ‘bruxa’ não fugiria da sepultura. Bom, pelo menos ela não fugiria até o século 19.

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Em 1852, homens encontraram e escavaram o túmulo de Lilias Adie. Eles não tinham medo de bruxas. Os ossos de Lilias Adie e até seu caixão foram distribuídos entre os participantes da escavação e acabou que não restando nada no local em que ela foi enterrada.

reconstrução facial
Reconstrução facial de Lilias Adie, acusada de ser bruxa no século 18. (Imagem: University of Dundee)

Os restos ósseos de Lilias Adie, agora, são de propriedade de colecionadores de vários países. O crânio, depois de algumas aventuras, pertencia à Associação Médica do Condado de Fife, que o transferiu, posteriormente, para a Universidade de St. Andrews.

Em 2017, cientistas da Universidade de Dundee reconstruíram o rosto de Lilias Adie usando um crânio. Isso fez dela a única bruxa condenada da história da Escócia. O especialista forense Christopher Wrynn deu ao rosto de Lilias Adie uma expressão amável por respeitar as circunstâncias de sua morte.

A tumba de Adie, ou melhor, o que restava dela, foi redescoberta pelos arqueólogos em 2014.

Hoje, as autoridades do condado de Fife pretendem transformar o túmulo em um memorial para mulheres executadas sob acusação de bruxaria e cumplicidade com forças impuras. Para fazer isso, contudo, as autoridades gostariam de recuperar o que desapareceu de Lilias Adie, então se voltaram para os colecionadores que possuem os restos mortais com um pedido para devolvê-los à sua pátria histórica.

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