Diante da crise climática enfrentada pelo planeta, a busca por alternativas energéticas mais sustentáveis tem sido uma corrida contra o tempo. Embora essa transição caminhe em passos mais lentos do que o necessário, o que concerne à pesquisa tem progredido bastante. Nesse contexto, os pesquisadores têm se voltado a um dos temas relacionados mais promissores da atualidade: o hidrogênio verde.
O termo “verde” é usado para destacar que a produção de hidrogênio não resulta em emissões líquidas de carbono, já que a energia utilizada na eletrólise é de fontes renováveis e não fósseis. Isso contrasta com o hidrogênio “cinza”, que é produzido a partir de fontes de energia convencionais, como gás natural, carvão ou petróleo, resultando em emissões de carbono significativas e diretamente ligadas às mudanças climáticas globais.
Desse modo, o Brasil parece se destacar como sendo o país com mais autonomia para liderar a produção de hidrogênio verde. Mas o que isso realmente significa?
Hidrogênio verde: alternativa abundante e eficiente de energia
O hidrogênio (H2) é um gás leve, invisível e inflamável que compõe a maior parte do Universo. Na Terra, ele é encontrado principalmente na água (H2O), onde está combinado com oxigênio.
A gasolina, por sua vez, é uma fonte de energia convencionalmente usada em motores de combustão interna, mas o hidrogênio tem um conteúdo energético ainda maior, tornando-o uma fonte potencialmente mais eficiente de energia.
Além disso, o hidrogênio produz calor e eletricidade sem poluir, pois seu único subproduto é a água. No entanto, para ser usado como combustível, o hidrogênio precisa ser separado de outros elementos, como na água, através de um processo energético intenso.
As “cores” do hidrogênio
Existem várias categorias – além do hidrogênio “cinza” – para classificar a forma como o hidrogênio é produzido, podemos chamar de “espectro de cores do hidrogênio“.
O hidrogênio “azul”, por sua vez, envolve a captura e armazenamento do dióxido de carbono (CO2) resultante dos processos de reforma de hidrocarbonetos ou da produção de energia termelétrica para alimentar a eletrólise de água.
Contudo, essa prática também pode mascarar as emissões de metano (CH4) associadas ao processo. Como o metano é um gás de efeito estufa muito mais potente que o CO2, há incertezas sobre a verdadeira sustentabilidade do hidrogênio azul.
Outras classificações abrangem os seguintes tipos:
- hidrogênio “rosa”, que se origina de fontes nucleares como sua principal fonte de energia;
- “turquesa”, que emprega a pirólise do metano para produzir hidrogênio e carbono sólido;
- “amarelo”, que utiliza energia solar na eletrólise da água.
Brasil e o potencial na produção de hidrogênio verde
Curiosamente, a produção de hidrogênio verde possui um alto custo – maior do que o demonstrado na produção do hidrogênio cinza. Esse aspecto é o maior obstáculo enfrentando pelos países para tornar a transição energética possível.
Entretanto, o Brasil possui um grande potencial para se tornar líder na produção de hidrogênio verde mais barato do mundo até 2050, devido à abundância de recursos naturais, como sol e vento, no país.
Prevê-se que, com o avanço da tecnologia e a redução dos custos das energias renováveis, o hidrogênio verde brasileiro possa custar metade do preço do hidrogênio cinza atualmente produzido.
É evidente que a transição para o hidrogênio verde pode beneficiar diversas áreas da economia, como a agricultura, o transporte marítimo e a aviação comercial. Ademais, a produção de amônia verde a partir do hidrogênio verde tem o potencial de aumentar a fertilidade do solo em áreas pouco produtivas, bem como impulsionar a indústria de transporte marítimo, substituindo os combustíveis fósseis por alternativas mais limpas.