Uma baleia jubarte (Megaptera novaeangliae) foi flagrada interferindo no ataque de Orcas (Orcinus orca) a uma foca-de-Wedell (Leptonychotes weddellii) que se refugiava num iceberg.
Durante uma expedição em 2009, cientistas observaram dez orcas caçando Focas. Os animais criavam ondas para fazer com que elas caíssem na água. Este é um método bastante conhecido de caçar das Orcas na Antártica. Mas, poucos minutos depois do início da caçada, duas baleias jubartes apareceram e perseguiram as orcas.
Não é a primeira vez que baleias jubartes fazem isso. De 1951 a 2012, cientistas e entusiastas em todo o mundo observaram 115 casos de interação entre essas baleias e as orcas. Em muitos desses casos de aproximação, as orcas caçavam algum animal e as baleias jubartes esboçavam algum tipo de “proteção” para com o individuo que as orcas caçavam.
Poucas baleias possuem a coragem de se aproximar das orcas, pois correm o risco de virar alimento, já que seu sistema de defesa contra o ataque conjunto das orcas é bastante restrito. Isso não ocorre, contudo, com as baleias jubartes, salve raras exceções, pois possuem barbatanas longas e móveis, que servem como armas poderosas.
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Por que as baleias jubartes interferem nos ataques de orcas?
Não é fácil responder a essa pergunta. Em primeiro lugar, devido à escassez de dados, há complexidade nas observações de mamíferos marinhos na natureza. Além disso, acredita-se que os encontros de orcas e jubarte são pouco frequentes, uma vez que não competem por comida; orcas não caçam jubartes com muita frequência.
Existem histórias conhecidas sobre golfinhos que salvam não apenas seus parentes, mas também animais de outras espécies, incluindo seres humanos, e, devido a isso, eles aparecem periodicamente na literatura como altruístas. No caso das jubartes, os motivos de suas ações não estão claros.
Talvez as baleias respondam aos sons emitidos pelas orcas. Durante ou após o ataque, as orcas começam a conversar ativamente entre si. As baleias jubartes provavelmente ouvem esses sons e e vão em direção a eles, se estiverem próximos.
Análises mostram que jubartes têm um instinto simples: se as orcas atacam algo por perto, ela precisa intervir. Talvez a chamada “transfusão” de comportamento intraespecífico, seja altruísmo ou seleção de parentesco, esteja ocorrendo em uma área mais ampla de interações.
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“Acho que precisamos considerar a possibilidade de que o altruísmo possa ser involuntário e surgir por interesse próprio”, disse o ecologista marinho Robert Pitman, que testemunhou o episódio em 2009 e descreveu à revista Natural History na época.
“Como as populações [de baleias jubartes] continuam a se recuperar, e aprendemos mais sobre como interagem umas com as outras e com o seu ambiente, podemos ter algumas surpresas”, acrescentou ele.
Em outras palavras, as jubarte auxiliam indivíduos de espécies diferentes, agindo como se estivessem protegendo, por exemplo, seu filhote. Assim, a possibilidade de altruísmo interespecífico não é excluída e, se realmente ocorrer, essa é uma área de pesquisa muito promissora na ciência.
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