Até mesmo Urano pode estar escondendo um mundo oceânico

Milena Elísios
Imagem: NASA/JPL-Caltech/Kevin M. Gill

Um novo estudo publicado na revista The Planetary Science Journal revelou que Miranda, a menor lua esférica de Urano, pode esconder um vasto oceano sob sua superfície gelada. Este pequeno corpo celeste, com apenas 470 quilômetros de diâmetro, desafia as expectativas com sua geologia complexa e extrema.

A superfície de Miranda é um cenário de contrastes dramáticos. Lá se encontra o Verona Rupes, o penhasco mais alto do Sistema Solar, com uma queda vertiginosa de cerca de 20 quilômetros. Para se ter uma ideia, um penhasco equivalente na Terra teria que ser mais de 13 vezes maior.

Essas características intrigantes levaram os pesquisadores a suspeitar da presença de um oceano. Modelos de computador sugerem que um vasto mar líquido se formou entre 100 e 500 milhões de anos atrás. Este oceano estaria escondido a pelo menos 100 quilômetros abaixo da superfície, sob uma crosta de gelo de no máximo 30 quilômetros de espessura.

Miranda lua 1
Miranda revela uma história geológica complexa nesta vista, adquirida pela Voyager 2 em 24 de janeiro de 1986, em sua aproximação da lua de Urano.
Imagem: NASA/JPL

O co-autor Tom Nordheim, do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, expressou sua surpresa: “Encontrar evidências de um oceano dentro de um objeto pequeno como Miranda é incrivelmente surpreendente”. Ele acrescentou que isso amplia a possibilidade de vários mundos oceânicos ao redor de um dos planetas mais distantes do nosso Sistema Solar.

A formação deste oceano provavelmente ocorreu devido a uma ressonância gravitacional com outra lua. Este “aperto cósmico” aqueceu o interior de Miranda o suficiente para liquefazer parte de sua composição. Curiosamente, o oceano não congelou completamente, o que seria evidenciado por rachaduras na superfície devido à expansão da água ao congelar.

A existência de um oceano líquido em Miranda seria notável, especialmente considerando seu tamanho diminuto. Esta descoberta realça a necessidade de mais explorações dos gigantes de gelo, Urano e Netuno, e seus satélites enigmáticos.

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