Os bebês humanos adoram rostos, assim que nascem o primeiro contato é com o rosto da mãe. Eles preferem olhar para ela do que para qualquer outra coisa. Essa característica é vista também em outro membro do reino animal: um estudo recente mostrou que as tartarugas são fascinadas por rostos.
Chama atenção que essa característica já foi vista em outros animais. Por isso, é algo que pode ser extremamente antigo, que vem de antes mesmo da evolução dos répteis.
Como foi o estudo?
Os pesquisadores analisaram filhotes de tartaruga do gênero Testudo, colocando-os em uma arena com quatro imagens para escolher. Três eram formas pretas variadas, mas uma delas tinha marcas pretas espaçadas semelhantes a um rosto, indicando o que seria a boca e os dois olhos.
Esse experimento foi realizado em 136 filhotes de cinco espécies de Testudo. Assim, descobriram que em 70% dos casos os filhotes preferiam a imagem que representava um rosto. Os pesquisadores indicavam isso quando as tartarugas iam em direção ao objeto.
Não somente as tartarugas são fascinadas por rostos
As tartarugas não são os únicos animais com essa característica. Os macacos, cães e até mesmo galinhas seguem esse estilo. Mas, a diferença para as tartarugas é que elas não recebem cuidados de seus pais, diferente dos outros animais citados. A tartaruga-mãe apenas põe seus ovos e quando os filhotes nascem, ela já não está mais ali.
Além disso, quando foram oferecidas imagens sem sentido, elas continuavam a preferir as mais parecidas com rostos. Conforme os pesquisadores, isso é um indício de que os animais gostam de ver rostos no começo da vida. Indicam ainda que essa é uma característica vista em espécies sem relação.
Se a explicação dos pesquisadores estiver certa, provavelmente essa preferência por rostos existe antes mesmo dos cuidados parentais aparecerem. “Se a preferência inicial semelhante a um rosto evoluiu no contexto do cuidado parental, as espécies solitárias não deveriam exibi-la”, escreveram os autores. O caso das tartarugas contribui com esse pensamento.
Pode ser algo extremamente antigo, da época que haviam poucas espécies e a evolução dava seus primeiros passos para chegar ao que conhecemos hoje.
“A predisposição para abordagem de estímulos faciais observada em filhotes dessas espécies solitárias sugere a presença de um mecanismo antigo, ancestral da evolução de répteis e mamíferos, que sustenta as respostas exploratórias e potencialmente de aprendizagem, tanto nas espécies solitárias quanto nas sociais”, dizem os autores.
O estudo foi publicado na revista Proceedings of National Academy of Sciences.