Assento do meio vazio reduz a propagação de COVID-19 em aviões

SoCientífica
Assentos em avião comercial. Imagem: Frank Duenzl/Picture-Alliance/AFP

Uma pesquisa dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e da Universidade Estadual do Kansas aponta que menos contágio da SARS-CoV-2 ocorreria se os assentos do meio ficassem vazios em aviões, algo que ainda não é praticado em voos comerciais no Brasil.

O estudo não é recente. Em 2017, pesquisadores montaram cabines simuladas de aviões de passageiros cheias de manequins com temperatura corporal para simular a disseminação viral em um avião – o objetivo, na época, era entender a propagação da gripe. 

O método

Os pesquisadores borrifaram o ar das cabines falsas com o vírus MS2, um vírus de RNA que ataca certas bactérias, mas que é inofensivo para os humanos. O vírus é frequentemente usado como substituto para patógenos perigosos que se espalham em minúsculos aerossóis flutuantes, algo que a própria COVID-19 faz.

Com os dados obtidos, os pesquisadores criaram um modelo de computador para analisar a redução da exposição ao SAR-CoV-2 com a distância de uma pessoa infectada. Eles também simularam qual seria a exposição se os assentos do meio fossem deixados vazios ou ocupados. Dependendo do cenário, os resultados mostraram uma redução da exposição entre 23% e 57% quando os assentos do meio foram deixados vazios em vez de ocupados. 

A redução de 23% ocorreu quando um passageiro infectado estava sentado na mesma fileira que um passageiro não infectado. Deixar o assento do meio entre os dois reduziu em quase um quarto a probabilidade de o passageiro não infectado ser exposto ao vírus. 

Filtração de ar eficiente?

Os aviões possuem um sistema de filtração da ar que limpam o ar de determinadas fileiras, fazendo com que os passageiros não respirem o mesmo ar de algumas poltronas à frente, ou seja, eles só compartilham a maior parte do ar com as pessoas sentadas nas proximidades. A descoberta de que o distanciamento é importante ecoa dados do mundo real sobre surtos de aviões, que mostraram que estar mais perto da pessoa infecciosa está associado a mais risco de infecção.

Como os dados originais nas maquetes das cabines foram coletados antes da pandemia de COVID-19, os pesquisadores não examinaram o efeito das máscaras faciais na disseminação viral. As máscaras são boas para bloquear grandes gotículas respiratórias, que não viajam muito antes de cair, e também ajudam a prevenir a transmissão de fômites, mantendo as mãos das pessoas longe do nariz e da boca. 

Por fim, a combinação de assentos intermediários vazios e máscaras faciais é mais protetora do que somente as máscaras requisitadas nos aviões.

O estudo foi publicado no Relatório Semanal de Morbidez e Mortalidade. Com informações de Live Science.

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