Novas movimentações ao redor do mundo sobre a exploração do universo levam a crer que estamos prestes a testemunhar uma segunda corrida espacial. A primeira ocorreu durante a década de 50 e se alastrou até os anos 70 enquanto o mundo vivia sob a tensão da Guerra Fria. As grandes potências mundiais da época, Estados Unidos e União Soviética, além das disputas políticas também competiam para ver qual nação teria a superioridade de voo espacial. Isso levou a alguns fatídicos episódios da história como o caso do astronauta Vladimir Komarov.
Tudo ocorreu em 1967, quando a União Soviética celebrava o quinquagésimo ano da existência do Estado. Dentre os vários planos para comemoração estava aquele que resultaria na morte de Vladimir Komarov que entrou para história tragicamente como “o homem que caiu do espaço”, uma vez que sua morte poderia ter sido evitada.
A intenção da União Soviética era enviar duas naves espaciais para a órbita da Terra durante o seu aniversário, a Soyuz 1 e a Soyuz 2. Komarov estaria na primeira e deveria ficar no espaço um dia aguardando a chegada da segunda. Ele então trocaria de lugar com um dos tripulantes da Soyuz 2 e então ambas as naves deveriam retornar em sequência para a Terra.
A história do acidente que matou o astronauta Vladimir Komarov
Em seu livro, Starman: The Truth Behind the Legend of Yuri Gagarin, os autores Piers Bizony e Jamie Doran relatam que meses antes do lançamento da Soyuz 1 o clima não era dos melhores. Tanto Yuri Gagarin quanto outros técnicos do programa espacial da União Soviética foram responsáveis pela inspeção da nave. Segundo eles, foram encontrados ao todo 203 problemas estruturais no veículo que a tornavam extremamente perigosa para ser enviada ao espaço. A equipe elaborou um documento de dez páginas que listava todas essas falhas, contudo Contudo ninguém teria entregado esse documento a Leonid Brezhnev, que era o atual líder da União Soviética na época.
A veracidade dessas afirmações é questionada, mas segundo Bizony e Doran as informações foram passadas por um ex-agente da KGB, Venyamin Russayev, que era responsável por Gagarin. Ele conta que os amigos de Komarov tentaram fazê-lo desistir da missão, sabendo que ela levaria à morte certa. Contudo, Komarov não recusou alegando que, se ele desistisse, o governo mandaria Gagarin, que era um grande amigo seu também, na nave.
Outro relato conta que no dia do lançamento Gagarin tentou agir fora do protocolo habitual do programa espacial, pedindo um traje de pressão antes de descer até o lançador onde ele teria conversado com Komarov. Historiadores acreditam que Gagarin estava tentando atrasar o lançamento tempo suficiente para que fosse cancelado, contudo seus planos não deram certo e seu amigo acabou sendo lançado em órbita.
O caminho até o espaço foi concluído sem grandes problemas, porém logo uma série de falhas ocorreram em sequência. Um dos painéis solares da nave não abriu, deixando-o com pouquíssima energia. Então, quando a Soyuz 1 foi ordenada a descer de volta para Terra, a cápsula começou a girar. Komarov não conseguia controlar a altitude e nem manobrar a nave para posicionar a parte de baixo em direção ao solo. Com isso não foi possível usar os foguetes de pouso para amortecer a queda. Segundo as estimativas, a nave de Komarov atingiu o chão com a mesma força de um meteorito de 2,8 toneladas.
Um posto de rádio americano localizado na Turquia teria captado as últimas palavras de Komarov antes do impacto. “Esta nave diabólica! Nada que eu coloque minhas mãos funciona corretamente”, teria dito o astronauta soviético em meio a gritos de raiva. Na versão soviética, Komarov morreu enquanto a equipe em solo tentava restabelecer o contato com o astronauta.