As múmias descobertas na China agora tem suas origens reveladas

Letícia Silva Jordão
Imagem: A Bela de Xiaohe, a múmia mais conservada do cemitério. Wenying Li / Instituto Xinjiang

As múmias descobertas na China estão localizadas no deserto de Taclamacã, que é muito conhecido por ser seco o suficiente para mumificar restos mortais de seres humanos.

Essas múmias que ficam em um complexo chamado Cemitério de Xiaohe foram descobertas no início do século XX, e sempre intrigaram muito os cientistas que não tinham certeza de como esse povo havia parado neste deserto.

A princípio, os pesquisadores achavam que eles se originaram de fazendeiros de oásis da Ásia Central, ou dos primeiros fazendeiros de laticínios vindos do sul da Rússia, como seus vizinhos do norte da Bacia Dzungarian.

Mas uma pesquisa recente que analisou o genoma dos primeiros restos humanos descobertos na região, concluiu que as múmias se originam de uma antiga população da época do Pleistoceno.

As múmias descobertas na China

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Imagem: Wenying Li / Instituto de Relíquias Culturais e Arqueologia de Xinjiang

Estas múmias, que ficam próximas a bacia do Tarim, foram mumificadas de forma natural com os elementos que continham no deserto. Elas possuem a aparência de pessoas caucasianas, com cabelos castanhos avermelhados, narizes compridos e olhos fundos.

Elas foram enterradas de maneiras únicas, onde as múmias estavam vestidas com roupas de lã feltrada e tecida, e acima dos seus corpos ficavam um caixão em formato de barco. Junto com elas, foram enterradas artefatos de bronze, gado, ovelhas, trigo, cevada, cabras, painço e até queijo.

Essas múmias descobertas na China foram relacionadas ao povo Tocariano ou Tocários, que eram de origem indo-europeu e se fixaram na Ásia Central, no território do antigo Turquestão Chinês que hoje é conhecido como Sinquião.

Pesquisa mostra as suas reais origens

Para descobrir as reais origens das múmias descobertas na China, o geneticista Fan Zhang da Universidade de Jilin e sua equipe, analisaram os genomas de 13 indivíduos da Bacia do Tarim que datavam de 2100 aC a 1700 aC, junto com cinco indivíduos de Dzungarian, que datava de 3000 aC a 2800 aC.

A partir dessas análises, os geneticistas descobriram que nenhuma das origens propostas anteriormente pelos pesquisadores estavam corretas. Segundo a pesquisa, as múmias descobertas na China pertencem a um fundo genético isolado de antigas origens asiáticas, que podem ser rastreadas desde o início do Holoceno, há 9.000 anos atrás. Estima-se que este grupo antigo de caçadores-coletores tiveram uma grande distribuição, pois eles possuem traços genéticos encontrados na Sibéria.

Dessa forma, o povo Xiaohe parece ser o ancestral mais direto dos povos asiáticos de pré-cultivo conhecidos até o presente momento. Para explicar o isolamento que os deixava diferente dos seus povos vizinhos, os pesquisadores disseram que “as chamadas características físicas ocidentais das múmias Tarim são provavelmente devido à sua conexão com o pool genético da Antiga Eurásia no Norte do Pleistoceno”.Mas, apesar de estarem isolados sobre o ponto de vista da genética, a antropóloga Christina Warinner da Universidade de Harvard diz que “os povos da Idade do Bronze da Bacia do Tarim eram notavelmente cosmopolitas. Eles construíram sua culinária em torno do trigo e laticínios da Ásia Ocidental, milho do Leste Asiático e plantas medicinais como Ephedra da Ásia Central.”

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