Um novo achado arqueológico é nada mais e nada menos do que um palácio de Calígula. A fama de Calígula o precede – mas ela não é muito boa. O Imperador Romano é lembrado hoje como um maluco que cometia incestos com suas irmãs, participava de grandes orgias e matava membros da elite romana por nada.
No entanto, hoje os historiadores olham para muitos relatos com uma certa desconfiança. Sabe-se que, de fato, em algum momento, ele apresentou alguns comportamentos meio malucos, e era bastante extravagante. Mas muitos historiadores defendem que inimigos inventaram boa parte das histórias após sua morte. Portanto, não afirmaremos nada quanto a isso.
O fato é que os primeiros meses do reinado de Caio Júlio César Augusto Germânico (apelidado de Calígula por causa das sandálias que utilizava na infância), ocorreram consideravelmente bem. Mas quando uma doença séria o acometeu, aliada a traumas de infância, ele passou a fazer muitas coisas questionáveis até seu assassinato, em 41 EC. No entanto, possivelmente foi um pouco menos maníaco do que dizem.
Como era o palácio de Calígula?
Mas que ele era extravagante é um fato. Abaixo de um prédio que funcionou, no século XIX, como um conjunto de escritórios, em Roma, tornou-se um sítio arqueológico. Ali, os arqueólogos encontraram vestígios do palácio de Calígula.
No palácio, havia inúmeros jardins com plantas de diversos pontos do mundo e animais de todos os tipos. As evidências indicam plantas exóticas, não só da península itálica, e animais que vão desde animais domesticados até animais selvagens, como ossos de leões, dentes de ursos e ossos até mesmo de avestruzes e veados.
Diferentes níveis formavam o jardim completo. Ligando-os, havia uma escada fabricada em mármore branco. Um cano de água, inclusive, indicava o nome de Claudius, imperador que sucedeu Calígula. É de fato um verdadeiro palácio, e a ostentação marca os mais diversos detalhes.
Eles chamavam a parte central de todos jardins de Horti Lamiani, e paredes enfeitadas com cenas marítimas cercavam o local. Esse era, então, o local preferido de Calígula em seu palácio – inclusive, suas irmãs o enterraram lá quando o assassinaram, apenas 4 anos após se mudar para o local. Assassinatos de chefes políticos e militares na Roma Antiga era algo de praxe.
Além disso, nos quartos, conforme indicam os fragmentos, mármores possuíam ranhuras cuidadosamente fabricadas. Nessas ranhuras, os romanos preenchiam com outras peças, também de mármore, mas esculpidas com cores diferentes.
A descoberta
“O Museu Nymphaeum da Piazza Vittorio é uma conquista extraordinária. Ela traz à tona um dos lugares míticos da antiga capital do império, uma das residências ajardinadas amadas pelos imperadores”, diz ao jornal The Australian a pesquisadora Daniela Porro, superintendente arqueológica especial de Roma.
“Podemos imaginar o Imperador Calígula caminhando por esta escadaria monumental para apreciar o espetáculo de um palácio construído no modelo helenístico e oriental, que combinava grandeza arquitetônica e entusiasmo decorativo com o virtuosismo das ninfas (monumentos consagrados às ninfas aquáticas), exibições de fontes e água.”, disse a Dra. Serlorenzi ao Australian.
Supervisionados pela autoridade do patrimônio cultural de Roma (Soprintendenza Speciale di Roma), os arqueólogos escavaram por três anos sob o prédio administrativo utilizado por um instituto de pensões de médicos italiano. O local fica em uma das Sete Colinas históricas de Roma, o chamado Monte Esquilino.
Antes de tornar-se propriedade de Calígula, o palácio de 2 mil anos pertenceu a Lucius Aelius Lama. Foi Lucius quem o construiu. Lucius fora um senador e cônsul romano, membro extremamente rico da elite. Quando morreu, então, deixou a casa para Calígula em seu testamento, que a assumiu em 37 AEC, quando tornou-se imperador.
Com informações de Ancient Origins, The Australian e Daily Mail.