Europa pré-histórica era metade savana e cheia de elefantes

Elisson Amboni
Imagem: Brennan Stokkermans

Ao contrário da crença de longa data de que a Europa antiga era totalmente coberta por florestas densas, uma nova pesquisa mostra um quadro diferente. Um estudo de pólen antigo, publicado na Science Advances, revela que quase metade da paisagem da Europa consistia em pastagens e florestas não densas. Essa descoberta desafia a visão tradicional do estado natural da Europa e destaca uma história ambiental mais diversificada.

“Em média, mais da metade da vegetação era de floresta aberta ou não densa, semelhante a uma paisagem de savana”, explica Elena Pearce, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca. Essa diversidade provavelmente se deve à megafauna, como os elefantes de presas retas e os rinocerontes. Esses animais de grande porte suprimiram a vegetação lenhosa comendo e pisoteando árvores jovens, moldando assim a paisagem.

Mergulhando mais fundo no passado da Europa

Estudos anteriores se concentraram na paisagem após o último período glacial, cerca de 10.000 anos atrás. Entretanto, esse período já foi influenciado pela atividade humana. Pearce e sua equipe se aprofundaram mais no passado, examinando o período interglacial anterior, cerca de 115.000 a 130.000 anos atrás.

Usando quase 100 amostras de pólen de toda a Europa, a equipe reconstruiu a paisagem antiga. Eles encontraram uma variabilidade significativa na vegetação, não explicável por mudanças climáticas ou incêndios. Esse período sofreu menos incêndios em comparação com a era após a chegada dos humanos modernos.

Para superar as limitações da análise de pólen, que geralmente se inclina para o pólen de árvores, a equipe de Pearce empregou um modelo de computador. Esse modelo, validado com o uso de amostras de pólen modernas, leva em conta as diferentes taxas de produção de pólen entre as espécies, oferecendo uma representação mais precisa da vegetação do passado.

Como resolver a incompatibilidade nos registros históricos

Registros fósseis mostram que a Europa pré-histórica tinha paisagens abertas, o que desafia a ideia de florestas densas sugerida pelo excesso de pólen de árvores. O estudo de Pearce revela uma Europa antiga de áreas variadas, com campos e bosques esparsos.

Pearce recomenda que a conservação se foque em restaurar processos naturais, não paisagens históricas específicas. Javalis, por exemplo, reviram o solo e evitam que espécies dominem o ambiente, preservando o equilíbrio ecológico.

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