Uma pesquisa publicada na Nature com mais de 20 anos de dados de estudos mostrou que as abelhas estão sob uma ameaça extremamente alta causada pela agricultura. Para chegar a essa conclusão, uma equipe de cientistas construiu uma meta-análise. Ou seja, um estudo que utiliza dados de outros estudos e produz uma análise estatística e científica sobre estes dados. No caso desta meta-análise, disponível na Nature, os autores usaram 90 estudos dos últimos 20 anos.
Além do impacto da agricultura nas populações de abelhas, a pesquisa avalia também o aumento do efeito de parasitas e deficiências nutricionais nesses insetos.
Assim, a pesquisa mostra que a combinação destes efeitos causa um rápido declínio na maioria das populações de abelhas no mundo todo. A destruição de hábitats, essencialmente, é a maior ameaça para as abelhas e outros animais polinizadores.
Quando se destrói uma floresta para expandir plantações e pecuária, os insetos selvagens acabam sem os seus alimentos naturais. É por esse mecanismo também, aliás, que novas doenças e epidemias pipocam ao redor do mundo.
Assim, com menos espaço preservado, as abelhas acabam tendo muito mais contato com plantações e arredores, que frequentemente recebem doses altas de pesticidas contra outros insetos. Todavia, esses agrotóxicos acabam atingindo as abelhas por tabela.
A agricultura dos pesticidas
Em torno de 75% de todos os alimentos vegetais produzidos no planeta dependem de polinizadores. As abelhas, assim, são os principais representantes deste grupo e, justamente, os mais ameaçados.
De fato, a utilização de pesticidas e culturas transgênicas permite uma redução considerável nos prejuízos causados por pragas e intempéries. Todavia, o uso exagerado de fertilizantes e pesticidas afeta diretamente a fauna e flora nativa, que diga-se de passagem, é essencial para a produção de alimentos e a economia mundial.
“A falha em chamar atenção para isso [a ameaça das abelhas] e continuar a expor abelhas a múltiplos estressores antropogênicos na agricultura irá resultar no declínio continuado das abelhas e seus serviços de polinização, para o detrimento da saúde humana e do ecossistema”, os pesquisadores ainda ressaltam.
Diversas estimativas e pesquisas mostram que dezenas de populações essenciais de abelhas ao redor do mundo podem acabar extintas ainda ao fim deste século. Frear o declínio mostrado na pesquisa, então, é essencial para evitar uma crise econômica e ecológica que pode atingir mesmo gerações atuais.