Os adolescentes estão usando inteligência artificial generativa (IAG) de formas surpreendentes, muitas vezes sem o conhecimento dos pais. Um estudo recente da Universidade de Illinois Urbana-Champaign revelou que os jovens recorrem a chatbots de IA para apoio emocional e interações sociais.
Os pesquisadores Yang Wang e Yaman Yu analisaram centenas de postagens e milhares de comentários no Reddit relacionados ao uso de IAG por adolescentes. Eles também entrevistaram adolescentes e pais para entender suas percepções sobre segurança.
“É um tópico muito acalorado, com muitos adolescentes falando sobre o Character.AI e como eles o estão usando”, disse o principal autor do estudo, Yaman Yu, em um comunicado.
Os resultados mostram que os adolescentes frequentemente usam chatbots de IA como assistentes terapêuticos ou confidentes. Esses bots oferecem suporte emocional sem julgamento e ajudam os jovens a lidar com desafios sociais.
Os chatbots de IA estão integrados em plataformas de mídia social populares como Snapchat e Instagram.
Curiosamente, alguns adolescentes incorporam esses bots em bate-papos em grupo e até os tratam como parceiros românticos. Eles também usam a IAG para fins acadêmicos, como escrever redações e gerar ideias.
Os pais se preocupam com a coleta excessiva de dados e o compartilhamento de informações pessoais ou familiares por seus filhos. No entanto, muitos não percebem a extensão dos detalhes sensíveis que os jovens podem compartilhar, incluindo traumas pessoais e aspectos íntimos de suas vidas. No geral, os pais pareciam ter a impressão de que seus filhos usavam chatbots de IA principalmente como um mecanismo de busca ou como uma ferramenta de dever de casa.
Essa disparidade entre o uso real e a percepção dos pais levanta questões sobre supervisão e orientação no mundo digital. Os pais podem não estar preparados para lidar com os novos desafios que a IA traz para o desenvolvimento emocional e social dos adolescentes.
Problemas e má influência
Os chatbots de inteligência artificial (IA) estão causando preocupação entre os jovens. O Character.AI, um serviço online popular, oferece chatbots personalizados que imitam personagens de videogames e anime. Alguns desses bots são voltados para romance.
O site enfrenta críticas pela falta de moderação. Alguns chatbots promovem comportamentos perigosos, como anorexia e pensamentos suicidas. Há até casos de tentativas de aliciamento de menores.
Muitos adolescentes usam o Character.AI com frequência. Eles expressam medo de se tornarem viciados nesses bots.
“Percebi que perco muito tempo no Character.AI. Gostaria de conseguir conversar com meus colegas na escola.”, disse um dos jovens entrevistados.
Outro adolescente revelou que depende do serviço para lidar com pensamentos suicidas. Isso mostra como essa tecnologia pode criar dependência emocional em usuários vulneráveis.
A popularidade desses chatbots entre menores de idade levanta questões sobre seus efeitos na saúde mental e no desenvolvimento social dos jovens. É crucial que pais e educadores fiquem atentos a esse fenômeno crescente.
Desconectados da Realidade
Os pais estão ficando para trás na corrida da inteligência artificial. Uma pesquisa recente revelou que muitos adultos não têm ideia do quanto seus filhos compartilham com chatbots de IA. A maioria dos pais entrevistados só conhecia o ChatGPT, sem saber da existência de outras plataformas populares entre os jovens.
“As tecnologias de IA estão evoluindo rapidamente, assim como as formas de usá-las”, afirmou Yang Wang. Ele comparou a situação atual com o surgimento da internet, que trouxe preocupações semelhantes sobre o uso por menores.
Os especialistas alertam que as soluções não devem ser apenas técnicas, como controles parentais mais rígidos. É crucial que os pais entendam o que atrai seus filhos para esses chatbots. Esse processo de compreensão levará tempo e esforço.
Enquanto isso, as empresas de IA continuam expandindo seus serviços. Rumores indicam que até mesmo o ChatGPT pode em breve incluir anúncios, o que poderia aumentar ainda mais seu apelo entre os jovens.