Antes que a missão Cassini da NASA terminasse seu estudo de Saturno em 2017, ela também voou pela lua de Saturno, Titã. Os dados fornecidos pela sonda Hyugens, que fazia parte da missão, sugeriram que Titã era o candidato perfeito para futuras explorações. Agora, esses dados ajudaram os cientistas a montar o primeiro mapa geológico global da intrigante lua gelada, de acordo com um novo estudo publicado na segunda-feira passada na revista Nature Astronomy.
Bem maior que o nosso satélite natural, Titã é a única lua com nuvens e uma atmosfera densa de nitrogênio e metano, o que lhe dá uma aparência alaranjada e difusa. Os dados da missão Cassini foram capazes de revelar essas camadas, e é por isso que são tão valiosos. Dados de instrumentos de infravermelho e radar na sonda reconstruíram e mapearam toda a superfície de Titã, mostrando seis grandes formas geológicas juntamente com sua idade e distribuição, bem como seus pólos.
Titã também possui corpos líquidos que muito se assemelham aos da Terra em sua superfície, mas os rios, lagos e mares são feitos de etano líquido e metano, que formam nuvens e fazem com que o gás líquido chova do céu. A geologia de Titã é dependente da latitude. No equador, jovens campos de dunas dominam enquanto lagos podem ser encontrados nos pólos. Acredita-se também na possibilidade de que Titã tenha um oceano de água líquida interno, como os de Europa, uma das luas de Júpiter, e Enceladus, outra das luas de Saturno.
Mas a característica mais impressionante de Titã é intrigante para os cientistas: planícies orgânicas!
O ciclo do metano da lua é o motor de sua geologia – nos pólos, a umidade ajuda a manter o metano em seu estado líquido. Ao redor do equador, um clima mais árido permite que as dunas esculpidas pelo vento permaneçam intactas.
“A forte dependência latitudinal das diferentes unidades nos dá pistas sobre como o ciclo do metano está operando, embora ainda haja mistérios”, disse Rosaly Lopes, autora do estudo e pesquisadora sênior do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
“Por exemplo, a maior parte da superfície é coberta por materiais orgânicos, particularmente planícies (65%) e dunas (17%). Estes são formados, pensamos nós, por materiais orgânicos que caem da atmosfera e são movidos pelo vento. Então isto diz-nos que os ventos têm sido muito importantes para moldar a superfície de Titã.”
A descoberta de que grande parte de Titã está coberta de planícies orgânicas veio como uma surpresa para os pesquisadores.
No início deste ano, a NASA anunciou que a missão Dragonfly será lançada em 2026 e explorará Titã em 2034.
O objetivo final é que a Dragonfly visite uma cratera de impacto, onde eles acreditam que ingredientes importantes para a vida se misturaram quando algo atingiu Titã no passado, possivelmente dezenas de milhares de anos atrás.
FONTE / NASA