A ciência está criando materiais a partir de estruturas vivas

Wesley Oliveira de Paula
(Imagem: ACS Synthetic Biology/Ella Maru Studio)

Com certeza alguém já imaginou algo parecido. E hoje isso está para se tornar uma realidade, a ciência já está criando materiais a partir de estruturas vivas.

Os Elm’s, como são conhecidos na sigla em inglês, são materiais que de alguma forma utilizam estruturas vivas e projetáveis, seja em sua composição ou para sua produção.

Vantagens e Funções

Os Elm’s, também chamados de materiais vivos projetados, possuem inúmeras funções que podem trazer vantagens para várias áreas. Na medicina por exemplo, já se tem o uso em alguns medicamentos e com o tempo surgem como novas formas de atacar células cancerosas. Na área de construção civil já se projetam materiais que podem responder ao ambiente, se remodelarem e se “auto consertarem”.

Essa evolução dos materiais pode ser de grande ajuda para problemas sobre o meio ambiente. Além disso podem diminuir gastos que, hoje em dia, são necessários em qualquer tipo de construção, principalmente gastos com reparos periódicos devido desgastes naturais dos materiais.

Dificuldades

Entretanto, fazer com que esses materiais se tornem realidade na indústria é um grande trabalho.

Por se tratar de estruturas vivas, as pesquisas necessitam de quantidade, pois cabe entender cada estrutura o suficiente para que se possa projeta-las em outras funções.

Como cada micro organismo pode trabalhar de uma forma específica, cabe aos pesquisadores entender e identificar a forma mais útil de usar cada um deles, e só então, desenvolver uma forma de programar esses seres vivos.

De acordo com um artigo da Imperial College de Londres, é possível moldar bactérias para que produzam celulose na quantidade e com as propriedades que desejam.

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Materiais de estruturas vivas já estão em testes.

Como mostramos aqui, essa tecnologia já está sendo utilizada de várias formas. Os Xenobots como foram apelidados, são nano-robôs que assim como os ELM’s utilizam estruturas vivas na sua composição. Dessa forma são manipuláveis e podem ser programados para atividades dentro do corpo humano, como carregar doses de remédio, limpar artérias e podem até ser uma solução para tentar conter a poluição da água pelos microplásticos.

Erik Schlangen professor da Universidade Técnica de Delft fez uma palestra no TEDx onde mostra propriedades de um concreto que pode se auto reparar. No vídeo o professor quebra uma parte do concreto, e com o auxílio de um Micro-ondas junta as duas partes do concreto sem nenhum tipo de material externo.

O artigo do Imperial College de Londres conclui que os ELM’s ainda são incomparáveis com estruturas naturais. No entanto, se mais estudos avançarem, poderíamos alcançar um novo paradigma levando a um futuro onde teremos materiais com propriedades completamente novas, substituindo os utilizados hoje e que agridem o meio ambiente.

As pesquisas estão nos levando a uma realidade onde a ciência está criando materiais a partir de estruturas vivas e reescrevendo a forma como usamos nossos recursos.

Gilbert, C., & Ellis, T. (2018). Biological Engineered Living Materials – growing functional materials with genetically-programmable properties. ACS Synthetic Biology. doi:10.1021/acssynbio.8b00423 

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