O cenário fictício em que humanos visitam Marte é um tema muito explorado no cinema e na literatura. No entanto, não parece ser algo tão distante de se tornar realidade. Isso porque a NASA tem planos de enviar uma equipe de astronautas para uma missão científica no planeta vermelho, algo que poderá acontecer já em 2035.
Essa jornada será uma das mais complexas já realizadas, com uma duração prevista de seis a sete meses para cada trecho da viagem (ida e volta). Durante esse período, a tripulação percorre cerca de 402 milhões de quilômetros, atravessando o vasto espaço entre a Terra e Marte.
Ao chegarem a Marte, os astronautas terão a oportunidade de permanecer na superfície por até 500 dias, o que lhes permitirá realizar uma série de experimentos e pesquisas futuras. Essas atividades serão fundamentais para expandir o conhecimento sobre Marte, sua geologia, atmosfera e potencial para abrigar vida, além de contribuir para o desenvolvimento de tecnologias possíveis para futuras explorações espaciais.
Contudo, até que ponto a NASA pode realmente enviar pessoas a Marte nos próximos dez anos?
A Lua como local de treinamento e o Programa Artemis
Para enviar humanos a Marte e garantir seu retorno seguro à Terra, a NASA desenvolveu um potente veículo de lançamento, o Sistema de Lançamento Espacial (SLS), e uma nova nave espacial chamada Orion.
Em 16 de novembro de 2022, o SLS e o Orion foram lançados com sucesso na missão Artemis I, que realizou o primeiro voo não tripulado do programa Artemis em direção à Lua, onde o Orion orbitou por seis dias a uma altura de 129 quilômetros da superfície.
A missão Artemis I retornou à Terra em 11 de dezembro de 2022, após percorrer 2,2 milhões de quilômetros. A Artemis III, programada para 2026, será a primeira a levar astronautas de volta à superfície lunar, especificamente ao polo sul, onde se acredita haver depósitos de água congelada. Os astronautas irão estabelecer habitats e passar vários meses explorando a Lua.
Como a Lua está a apenas 386.000 quilômetros da Terra, ela servirá como um campo de treinamento para a exploração de Marte. Embora a missão a Marte ainda esteja distante, o programa Artemis ajuda a NASA a desenvolver as capacidades para essa empreitada.
Geologia marciana
Marte é um planeta fascinante, especialmente por sua geologia e atmosfera. Cerca de 3,8 bilhões de anos atrás, o planeta era parecido com a Terra, com água líquida na forma de oceanos, lagos e rios, além de uma atmosfera mais densa. Hoje, ainda há evidências de corpos d’água antigos e os polos de Marte estão cobertos por gelo, com uma fina camada de dióxido de carbono congelado.
Atualmente, sua atmosfera é muito fina, composta por 95% de dióxido de carbono e cheia de poeira, o que dá ao planeta sua cor vermelha. Marte também abriga os maiores vulcões do sistema solar e uma superfície marcada por crateras antigas.
Estudar essas formações pode ajudar a entender mais sobre a história inicial do planeta e do sistema solar.
Planejando a futura missão
A NASA criou um grupo chamado Human Exploration of Mars Science Analysis Group com o objetivo de planejar a futura missão tripulada a Marte. Junto com o cientista James B. Garvin, Joel S. Levine, cientista atmosférico e ex-pesquisador da NASA, lideram esse grupo, cuja tarefa é identificar as principais perguntas científicas sobre o planeta.
O foco era entender quais questões precisariam da presença de astronautas para serem resolvidas, em vez de dependerem apenas de missões robóticas, que são mais baratas. O grupo apresentou recomendações importantes para a investigação científica humana em Marte.
Uma das perguntas mais relevantes é se existe vida em Marte atualmente. Isso remete ao fato de que, há cerca de 3,8 bilhões de anos, Marte e Terra tinham características semelhantes, com água líquida em abundância. Outra questão é entender quais mudanças ocorreram ao longo do tempo que levaram Marte a perder sua água líquida e grande parte de sua atmosfera.