Reino Unido avança no desenvolvimento de gerador nuclear para exploração espacial de longo alcance

Daniela Marinho
Gerador termoelétrico de radioisótopos sendo submetido a níveis extremos de choque para testar sua resiliência ao ambiente hostil de um lançamento ou pouso na superfície planetária. Imagem: Universidade de Leicester

A energia é um recurso extremamente importante e essencial para garantir o sucesso de missões de exploração espacial, especialmente aquelas que visam regiões remotas do nosso sistema solar. Para atender a essa demanda, a Perpetual Atomics, uma empresa derivada da Universidade de Leicester, está à frente do desenvolvimento de uma tecnologia nuclear inovadora desenvolvida especificamente para missões espaciais.

Essa nova empresa, recentemente lançada como uma spin-off acadêmica, é especializada na criação de sistemas avançados de energia baseados em radioisótopos. Esses sistemas têm a capacidade de fornecer uma fonte de energia altamente confiável, que dura por longos períodos de tempo, ideal para missões profundas em áreas distantes do espaço, onde as fontes tradicionais de energia, como a solar, são limitadas ou inviáveis.

Além disso, a empresa tem como objetivo desenvolver soluções energéticas capazes de suportar as condições extremamente desafiadoras e hostis do ambiente espacial. O espaço sideral é um local de temperaturas extremas, altos níveis de radiação e ausência de atmosfera, o que torna o fornecimento de energia um desafio significativo.

A Perpetual Atomics busca superar essas barreiras criando tecnologias que não apenas resistam a esses ambientes adversos, mas que também funcionem de maneira eficiente e contínua, garantindo o sucesso e a sustentabilidade de longas missões de exploração no espaço profundo.

Potencial da energia nuclear

A energia nuclear é extremamente reconhecida como um fator crucial para a transferência da capacidade da humanidade de explorar além dos limites da Terra, seja em missões para a Lua ou até mesmo para destinos distantes, como o planeta Marte, também conhecido como a Usina Vermelha.

O uso da energia nuclear em projetos espaciais já foi mostrado extremamente eficaz e confiável. Um exemplo notável disso são as sondas Voyager, que atualmente estão localizadas a bilhões de quilômetros de distância da Terra e continuam sua jornada pelo espaço interestelar, demonstrando a durabilidade e eficiência dessa fonte de energia.

Essas sondas são equipadas com geradores termoelétricos de radioisótopos (RTGs), dispositivos que convertem o calor gerado pela invenção radioativa do plutônio-238 em eletricidade. Esse processo garante um fornecimento constante de energia, mesmo em regiões do espaço onde outras fontes, como a energia solar, não seriam viáveis.

A longevidade e o sucesso das sondas Voyager exemplificam como a energia nuclear podem desempenhar um papel fundamental na exploração espacial de longo alcance.

Explorações ainda mais ambiciosas

Concebidas e projetadas na década de 1960, as sondas Voyager representaram um marco de inovação tecnológica para a época, introduzindo soluções que permitiram a exploração de regiões do espaço antes inacessíveis.

Com o conhecimento mais aprofundado que temos hoje sobre tecnologias espaciais e os avanços no uso da energia nuclear, existe o potencial para missões futuras ainda mais ambiciosas.

Evidentemente, essa combinação de expertise moderna e inovação abre caminho para explorar áreas mais distantes do nosso sistema solar e além, com níveis de eficiência e segurança energética sem precedentes.

Motores nucleares podem ser o futuro

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Representação de um rover lunar alimentado por um gerador termoelétrico de radioisótopos. Crédito: Universidade de Leicester / Parque Espacial Leicester

A NASA está avaliando seriamente o uso de energia nuclear para o futuro acampamento na base lunar, previsto para estar em pleno funcionamento até o final desta década. Os reatores nucleares serão essenciais tanto para gerar eletricidade quanto para fornecer calor, tornando o ambiente lunar mais habitável e autossustentável.

Além disso, os motores movidos pela energia nuclear podem ser o próximo grande passo na propulsão de naves espaciais. Tanto a NASA quanto a DARPA têm planos ambiciosos de lançar uma nave espacial equipada com propulsão nuclear nos próximos anos.

Enquanto isso, a Agência Espacial Europeia também está investigando essa tecnologia em seus estudos, explorando como os motores nucleares poderiam transformar as missões espaciais de longa distância.

De maneira interessante, a tecnologia nuclear poderia simplificar consideravelmente as missões para Marte. As missões espaciais atuais enfrentam restrições de janelas de lançamento e trajetórias complexas para economia de combustível.

Com o desenvolvimento dessa tecnologia, a Perpetual Atomics está em uma posição privilegiada para se beneficiar do interesse crescente global pela energia nuclear, tanto para a exploração lunar quanto para futuras missões interplanetárias.

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