Por que o Japão é considerado o maior ponto de observação de OVNIs? Autoridades estão investigando

Daniela Marinho
Imagem: Canva

Em maio de 2024, as autoridades japonesas se reuniram para anunciar a criação de uma investigação bipartidária composta por mais de 80 membros, destinada a examinar o aumento dos avistamentos de Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs, na sigla em inglês) no país, com foco especial na região de Fukushima.

Essa iniciativa surge em resposta ao crescente interesse mundial nesse tema, impulsionado pelas revelações feitas pela Marinha dos Estados Unidos no ano anterior. Essas revelações detalharam relatos de pilotos sobre aeronaves capazes de realizar manobras impossíveis, ou que despertou uma série de investigações por parte do Congresso americano.

Como consequência, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos distribuído criou o All-Domain Anomaly Resolution Office (AARO), um órgão dedicado a promover uma análise mais profunda sobre os potenciais riscos que os UAPs podem representar.

De maneira semelhante, uma iniciativa japonesa de resposta aos avistamentos no país demonstra como essas misteriosas luzes no céu passaram a ser vistas como ameaças reais à segurança nacional, justificando uma investigação formal e abrangente.

Extraterrestres, pássaros ou drones?

Avi Loeb, Ph.D., é um renomado físico e professor da Universidade de Harvard, conhecido por sua abordagem inovadora e científica sobre o estudo dos Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs).

Ele destaca a importância de uma análise cuidadosa e imparcial dessas tendências, especialmente em um cenário onde muitas opiniões se formam antes de uma investigação adequada. Nesse contexto, Loeb elogia a postura do governo japonês, que tem tratado os avistamentos de UAPs com uma questão séria, adotando uma perspectiva mais científica e rigorosa.

“No campo dos UAPs, encontramos tanto céticos quanto crentes”, observa Loeb. “O problema é que, infelizmente, nenhum desses grupos está realizando o trabalho árduo de investigação detalhada. Por isso, é tão relevante ver as estratégias governamentais, como a AARO nos Estados Unidos e essa nova iniciativa no Japão, abordando os UAPs de forma objetiva. Eles consideram as possíveis ameaças à segurança, sem a intenção de desmascarar ou ridicularizar os relatos.”

Histeria em massa

Loeb entende que muitos cidadãos que relatam avistamentos de UAPs, seja no Japão, nos EUA ou em qualquer outra parte do mundo, provavelmente querem acreditar que estão testemunhando algo extraordinário, como naves extraterrestres.

Contudo, ele enfatiza que os esforços governamentais, como os que estão surgindo no Japão e no Departamento de Defesa dos Estados Unidos, devem adotar uma abordagem equilibrada, levando em conta todas as explicações plausíveis.

“Eu lidero o Projeto Galileo em Harvard, que busca evidências científicas de artefatos tecnológicos extraterrestres”, explica Loeb. “Nosso trabalho começa sempre considerando se um objeto avistado pode ser de origem natural, como um meteoro ou uma ave, ou se foi criado pelo homem, como um drone ou um balão. Acredito que essa deve ser uma abordagem adotada por essas agências governamentais.”

Quanto à recente concentração de relatos de UAPs no Japão, Loeb sugere que fatores psicológicos, como a história coletiva de histeria e o viés de confirmação, podem estar influenciando a percepção das pessoas.

Mick West, escritor científico do Center of Inquiry, uma organização baseada em Amherst, Nova York, que investiga pseudociência, também examinou as denúncias de avistamentos de UAPs na região de Fukushima. Segundo West, os relatos dos últimos anos podem ser atribuídos ao fato de que as pessoas estão observando a área com mais atenção e, muitas vezes, acabam se envolvendo na “onda” de avistamentos de OVNIs, guiadas por uma predisposição psicológica de ver o que esperam encontrar.

Segurança nacional

OVNIs 1
Imagem: Getty Imagens

Potenciais ameaças de países como China e Coreia do Norte forçaram o Japão e os Estados Unidos a tomarem essa atitude.

Loeb explica que, “obviamente, confirmar a inteligência extraterrestre seria extremamente importante para a ciência, pois provaria que não estamos sozinhos […] Mas, importante para a segurança nacional, é essencial que as autoridades admitam que precisamos saber o que são esses objetos. No caso do Japão, há países próximos que querem espionar essa nação. Esse governo precisa saber se eles estão avistando drones ou outros dispositivos usados ​​para espionagem.”

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