Imagine se deparar com uma bola elétrica em sua frente. Parece uma tecnologia alienígena ou uma fada pairando rasante ao solo pela sua frente. Parece qualquer coisa fantástica, digna da ficção. Entretanto, é uma realidade cem por cento científica. O raio globular, como é chamado, não é algo raro. Estima-se que um quinto das pessoas pelo mundo dizem ter visto bolas de raio pairando sobre o solo.
Relatos de raios globulares documentados existem desde meados da Idade Média, intrigando inúmeras pessoas desde então. Até os dias de hoje, na era da tecnologia, muitos que se deparam com o fenômeno podem pensar ser algo sobrenatural.
Pode ser fascinante. Entretanto, se um dia você ver um raio globular em sua frente em algum momento de sua vida, não tente tocá-lo ou se aproximar. Um fenômeno desses pode facilmente matar uma pessoa. Uma das primeiras mortes relatadas por um raio globular é o do físico sueco e pesquisador de eletricidade Georg Richmann, no século 18.
O raio globular que matou o pesquisador foi gerado enquanto ele realizava um experimento em que tentava aterrar a descarga elétrica produzida por uma tempestade. O raio globular surgiu a partir do aparelho do pesquisador e o atingiu em sua cabeça, matando-o eletrocutado, no ano de 1753 em São Petersburgo, na época pertencente ao extinto Império Russo.
“O incidente, relatado em todo o mundo, ressaltou os perigos inerentes à experimentação com hastes isoladas e ao uso de hastes de proteção com conexões de terra defeituosas”, explica um artigo publicado na revista Physics Today (Krider, E. F., 2006).
O que é e como ocorre o raio globular?
Os raios globulares ocorrem geralmente durante tempestades como uma esfera flutuante e muito carregada eletricamente. Sua cor pode variar a cores como azul, laranja e amarelo, e não dura por muito tempo, muitas vezes em poucos segundos. Alguns relatam até mesmo um cheiro de enxofre junto da bola.
Em 2010, um artigo publicado no periódico Physics Letters A por uma dupla de pesquisadores austríacos debateu a possibilidade de que a bola raio possa ser coisa da cabeça. O artigo diz que pelo menos metade dos avistamentos do fenômeno podem ser, na verdade, alucinações.
Os pesquisadores dizem que a “estimulação magnética transcraniana induzida por pulsos eletromagnéticos de fosfenos no córtex visual é uma interpretação plausível de uma grande classe de relatos sobre percepções luminosas durante tempestades.”
Os pesquisadores perceberam que os efeitos magnéticos das tempestades elétricas podem gerar um campo magnético forte suficiente para causar efeitos neurais semelhantes ao de um aparelho chamado estimulador magnético transcraniano (TMS). Quando utilizado em estudos, o foco de campos magnéticos no córtex visual pelo TMS faz com que as pessoas possam enxergar objetos luminosos. Se esse foco é movido dentro do córtex visual, as luzes parecem se mover.
Entretanto, nem todos pesquisadores dão muito crédito a esses resultados.
“Embora as alucinações possam explicar alguns casos, o efeito do raio de bola ainda é viável na natureza e no laboratório”, disse na época do estudo ao National Geographic Eli Jerby, engenheiro da Universidade de Tel Aviv, em Israel.
“Além disso, com o recente progresso experimental nosso e de outros, estamos mais perto do que nunca de simular completamente o raio de bola natural no laboratório e de explicar o verdadeiro enigma do raio de bola na natureza”, disse Jerby.
Essa discussão toda ocorre porque esses raios globulares ainda são um fenômeno inexplicado.
Até os anos 1960, a maior parte dos cientistas diziam que ele não é um fenômeno real. Entretanto, hoje sabe-se que eles existem até mesmo por reproduções em laboratório. Mesmo assim, não sabemos explicar o fenômeno.