Marfim sintético pode salvar milhares de elefantes todos os anos

Rafael Motta
Imagem: Reprodução

Segundo o WWF, pelo menos 20 mil elefantes são mortos todos os anos por caçadores ilegais, que extraem suas presas de marfim para vender o material no mercado negro. Contudo, essa triste realidade está prestes a mudar.

Thaddäa Rath, pesquisadora da Universidade de Viena, na Áustria, está trabalhando no desenvolvimento de um material sintético que pode substituir o marfim. Intitulado “Digory”, ele pode ser replicado em impressoras 3D e polido para criar objetos idênticos aos feitos com o material extraído dos animais.

Sua equipe deseja que o Digory absorva as mesmas características estéticas que tornam o marfim tão visado no mercado, bem como sua resistência e densidade. Caso sua equipe tenha sucesso, poderá salvar milhares de elefantes ao longo das próximas décadas.

Estrutura do marfim sintético

Digory é um material feito de uma composição à base de fosfato. Ele possui partículas de um biomineral chamado hidroxiapatita, presente em conchas e dentes e conhecido por sua resistência – similar ao marfim.

Além disso, o sintético possui gelatina à base de colágeno em sua composição. Trata-se de uma opção sustentável, uma vez que não precisa levar nenhum animal à morte para ser criada.

marfim sintético
Marfim sintético. Imagem: Johanna Eckhardt/Eburo GmbH

Mudança de planos

A proposta inicial da equipe era substituir as teclas de piano feitas com marfim. Porém, os pesquisadores perceberam que havia um potencial muito maior a ser explorado pelo Digory, tendo em vista que o material sintético é praticamente irreconhecível, se comparado com o marfim animal.

A empresa Ivortec está trabalhando em conjunto com fabricantes de pianos para fabricar teclas com o material sintético. Além disso, o Digory pode ser utilizado para várias outras finalidades, como jóias, itens decorativos diversos ou mesmo como modelo de órgãos artificiais.

Por se tratar de um material biocompatível, ou seja, seguro para aplicações médicas, a Universidade de Oxford já o está experimentando para criar modelos para órgãos artificiais e melhorar a sorte de pacientes que precisam de transplantes.

Problema antigo

A comercialização de marfim é proibida em vários países: China, Estados Unidos, África do Sul e Quênia são apenas alguns exemplos. Além disso, países pertencentes à União Europeia (UE) não podem trabalhar com o produto desde 1989.

Os elefantes estão ameaçados de extinção. Duas espécies específicas, conhecidas como elefante da savana (Loxodonta africana) e o elefante da floresta (Loxodonta cyclotis), estão marcadas como “em perigo” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

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