Estas árvores sempre se inclinam para o Equador, independente do país que estejam

As do Hemisfério Norte tendem a se inclinar em direção ao sul, enquanto as do Hemisfério Sul se inclinam em direção ao norte.

Damares Alves
Imagem: Steve Lennie/Alamy Stock Photo
Destaques
  • Pinheiros Cook (Araucaria columnaris) se inclinam em direção ao equador, independentemente de sua localização.
  • A magnitude da inclinação é mais pronunciada em latitudes mais altas em ambos os hemisférios.
  • A razão para essa inclinação distinta ainda não está clara e requer mais estudos.

Um grupo de pesquisadores descobriu um fenômeno surpreendente nos pinheiros Cook (Araucaria columnaris), que se inclinam em direção à Linha do Equador, independentemente de onde estejam localizados na Terra. Os cientistas observaram que a magnitude da inclinação é mais pronunciada em latitudes mais altas em ambos os hemisférios. No entanto, a razão exata para essa inclinação distinta ainda não está clara e requer mais estudos.

Os pinheiros Cook possuem uma inclinação notável, tão onipresente que é frequentemente usada como característica de identificação da espécie. Matt Ritter, diretor do Cal Poly Plant Conservatory, notou que as árvores que ele estudou pareciam inclinar-se para o sul. Ele entrou em contato com colegas ao redor do mundo para verificar a inclinação de seus pinheiros Cook, e logo percebeu que todos pareciam inclinar-se em direção ao equador.

Para investigar o fenômeno ainda mais, Ritter e sua equipe mediram 256 árvores nos cinco continentes em uma variedade de latitudes. Eles descobriram que a inclinação dos pinheiros Cook não é aleatória: as árvores do Hemisfério Norte se inclinam para o sul, enquanto as do Hemisfério Sul se inclinam para o norte. Em média, as árvores se inclinam 8,05 graus em direção ao equador, com inclinações mais pronunciadas mais distantes do equador. Apenas 9% das árvores se afastaram da direção prevista.

As árvores normalmente crescem verticalmente em resposta às influências opostas da gravidade (gravitropismo) e da luz (fototropismo). A principal hipótese para o mecanismo molecular do gravitropismo é que a sedimentação de amiloplastos em microfilamentos de actina ativa uma via de transdução de sinal, resultando em transporte assimétrico de auxina no caule, fazendo com que ele se endireite paralelamente ao vetor de gravidade.

Em ambientes mais competitivos ou desafiadores, as árvores podem crescer em outras direções, à medida que crescem em direção à luz disponível. No entanto, as plantas jovens tendem a se corrigir à medida que crescem devido à influência da gravidade. Ainda não está claro por que os pinheiros Cook têm essa inclinação distinta. A equipe de pesquisa sugere que isso pode ser uma peculiaridade inútil e não adaptativa de sua genética ou outra coisa.

Os mecanismos subjacentes à inclinação direcional da Araucaria columnaris podem estar relacionados a uma resposta tropical adaptativa aos ângulos de incidência da luz solar anual, gravidade, magnetismo ou qualquer combinação destes, conclui a equipe de pesquisa. Eles também destacam que essa inclinação pronunciada em A. columnaris é rara em outras espécies, incluindo outras araucárias nativas da Nova Caledônia. É possível que as restrições biofísicas de inclinar-se para uma árvore alta prevaleçam sobre quaisquer benefícios da interceptação de luz adicional obtida pela inclinação.

Os pesquisadores enfatizam que o fenômeno precisa de mais estudos, já que as plantas estão respondendo ao seu ambiente global de uma maneira ainda não totalmente compreendida. O estudo foi publicado na revista Ecology em 2017 e, embora os resultados sejam intrigantes, ainda há muito a ser descoberto sobre os mecanismos e razões subjacentes a essa inclinação equatorial peculiar.

Entender o porquê desse comportamento pode fornecer informações valiosas sobre a biologia e a evolução das árvores e, possivelmente, sobre as adaptações específicas às condições ambientais. Além disso, essa descoberta pode contribuir para o conhecimento geral sobre a interação entre a genética das plantas e os fatores externos que afetam seu crescimento e desenvolvimento.

Algumas das perguntas que os cientistas podem querer explorar em futuras pesquisas incluem: quais são os mecanismos moleculares e celulares que causam essa inclinação específica nos pinheiros Cook? Essa inclinação tem alguma função ecológica ou fisiológica, ou é apenas uma peculiaridade evolutiva sem vantagem adaptativa? Há outras espécies de árvores com características semelhantes que também apresentam inclinações direcionais em relação ao equador?

A resposta a essas perguntas pode lançar luz sobre a intrincada rede de interações que ocorrem entre as plantas e o ambiente, bem como aprimorar nossa compreensão da ecologia e da evolução das plantas. Essa pesquisa também poderia ter implicações práticas, como a melhoria do manejo florestal e das práticas agrícolas, levando em consideração as inclinações e características específicas das árvores.

Em resumo, a descoberta da inclinação direcional dos pinheiros Cook em direção ao equador é um fenômeno intrigante que levanta muitas questões sobre a biologia, a evolução e a adaptação das árvores. Os pesquisadores ainda têm muito trabalho pela frente para desvendar os mistérios por trás dessa inclinação peculiar e, ao fazê-lo, podem expandir nosso conhecimento sobre a incrível diversidade e complexidade do mundo vegetal.

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