Em uma vinícola no interior da França, há muito tempo uma característica do terreno chama a atenção. O local, chamado de Domaine du Météore, já era conhecido pela depressão de mais de 200 metros, que lembrava muito uma cratera de meteorito. Acontece que agora, pesquisadores da Universidade de Frankfurt confirmaram, de fato, o impacto de um meteorito no local.
Segundo análises do solo e da rocha, o meteorito de ferro e níquel atingiu o planeta há milhares de anos. Esse é o quarto impacto de meteorito conhecido na Europa Ocidental. Os resultados foram publicados no último dia 22, no site da Universidade de Frankfurt.
Pelas dimensões da cratera de meteorito, o impacto não deve ter sido um cataclismo local ou global, como foi o caso do meteorito de Chicxulub, que gerou uma cratera de 180 quilômetros de diâmetro (e foi responsável pela extinção dos dinossauros).
No site Earth Impact Database é possível conferir todos os 190 impactos de meteoritos conhecidos ao longo do planeta.
A suspeita de que a região é uma cratera de meteorito é antiga — pelo menos dos anos 50. Contudo, até o momento pesquisadores não tinham descoberto evidências conclusivas para afirmar que a vinícola de fato está sobre o local de impacto.
Um dos autores da pesquisa, Frank Brenker, afirma ao EarthSky:
“Crateras podem se formar de muitos jeitos, e crateras de meteoritos são de fato bastante raras. No entanto, eu achei as várias outras interpretações de como essa depressão poderia ter se formado não convincentes de uma perspectiva geológica.”
Uvas cultivadas sobre a cratera de meteorito
Para analisar as amostras de rocha e solo coletados no local do suposto impacto, a equipe de cientistas utilizou diversas técnicas. Em uma delas, a equipe analisou microfissuras nos xistos coletados no local (um tipo de rocha metamórfica). Essas microfissuras, segundo a pesquisa, são estrias possivelmente geradas pelo impacto do corpo celeste.
Além do mais, as amostras continham brechas — no sentido geológico da palavra. Brechas são rochas compostas por fragmentos de rochas envoltos por uma matriz de fragmentos ou sedimentos menores. Esse segundo tipo de rocha também é um indício para uma cratera de meteorito.
Para além das rochas, a equipe descobriu que o campo magnético na região da vinícola é levemente menos intenso daquele que seria esperado no local. Essa variação no campo magnético na região é uma característica marcante de impactos de meteoritos.
Ademais, as amostras do Domaine du Météore tinham micro-diamantes. Diamantes, de forma geral, apenas se formam em condições extremas de temperatura e pressão. Uma das poucas coisas que pode gerar essas condições na superfície do planeta é um impacto de meteorito. Mais uma evidência conclusiva para a cratera de meteorito sob as uvas.