A cultura japonesa é certamente uma das mais fascinantes e complexas que há. Entre as manifestações culturais, algo se evidencia no Japão: a sua arquitetura. Nesse contexto, o Shou Sugi Ban — ou chamado também de Yakisugi — é um revestimento de parede, cerca e teto secular muito comum nas edificações japonesas.
Ele é feito exclusivamente de cipreste e passa por um processo tradicional originário no Japão no qual é queimado intensamente numa espécie de tratamento térmico com vistas à conservação.
Shou Sugi Ban, revestimento feito de cipreste japonês
O Yakisugi ou Shou Sugi Bané um revestimento arquitetônico muito comum no Japão e produzido somente a partir do cipreste japonês, uma madeira macia, forte e de veio reto. Considerada como uma espécie particular de madeira, o cipreste é a matéria-prima do revestimento.
Dessa forma, o verdadeiro Shou Sugi Ban nunca é feito com outros tipos de madeira, bem como com madeira recuperada, troncos ou madeira tratada quimicamente; não podendo, portanto, passar por outro tipo de técnica que não a de secagem e proteção da temperatura.
Uma curiosidade interessante é que o termo Shou Sugi Ban decorre de uma tradução incorreta dos caracteres japoneses, visto que no Ocidente eles têm o mesmo significado, porém, no Japão, ninguém sabe o que significa Shou Sugi Ban, pelo menos não de forma nativa.
Como o Shou Sugi Ban é feito
Para fazer o revestimento, é necessário, antes, selecionar toras de cipreste japonês, depois nivelar a retidão e o diâmetro. Após serem cortadas no tamanho e formato finais, as toras são secas ao ar. Quando secarem totalmente, elas podem passar pelo processo de tratamento térmico.
O tratamento térmico, por sua vez, é aplicado nas placas para que elas e todo o excesso de fibra seja queimado. Esse processo acontece devido à aplicação de calor contido suficiente para modificar de forma térmica a superfície de modo que ela ganhe uma cor preta, como se tivesse sido pintada.
Tratamento térmico livra a madeira de manutenção?
O tratamento recebido pela madeira por meio do calor certamente aumentará a longevidade do Shou Sugi Ban. Mas como o tratamento térmico funciona? Pois bem, durante a exposição do material ao calor, a hemicelulose, que consiste em um carboidrato, é totalmente queimada. Em contrapartida, o componente estrutural da madeira, a lignina, permanece inalterado.
Assim sendo, o produto final é uma prancha de madeira enrijecida, resistente à deterioração e ações externas, como danos causados por insetos. Dito isso, o tratamento térmico não faz com que o Shou Sugi Ban se torne livre de manutenção, mas vai reduzir bastante a quantidade de processos, sendo, então, de baixa manutenção.
Variações de Shou Sugi Ban
As variações de Shou Sugi Ban vão depender da camada de fuligem. Dessa maneira, há três tipos mais comuns:
- Suyaki: superfície carbonizada original. Sua textura lembra pele de jacaré e sua camada espessa de fuligem permanece intacta por até 50 anos, a depender das condições do local.
- Gendai: nessa variação, o Shou Sugi Ban é escovado apenas uma vez, de modo que remove a “pele de jacaré”, mas a superfície ainda continua escura.
- Pika-Pika: de textura topográfica diferente, essa variação é a que mais se distancia das outras, uma vez que apresenta uma cor bastante clara devido ao processo de escovação acontecer duas vezes.
Exceto na variação Suyaki, em ambas o material é resistente e muda de forma gradual sua cor, semelhante a outros tipos de revestimento de madeira. Contudo, essa alteração só ocorre a longuíssimo prazo. Ademais, o Shou Sugi Ban é muito valorizado no Japão por conta de sua beleza inestimável; para que sua cor seja mantida, muitas pessoas optam pela re-lubrificação após alguns anos.