Há muito introduzidos na culinária brasileira, os cogumelos comestíveis – shitake, shimeji e champignon – fazem sucesso entre o público, inclusive para quem aprecia uma boa gastronomia; afinal de contas, eles são usados em diversas receitas como ingrediente principal ou coadjuvante especial. No entanto, nem todos os tipos podem ser consumidos, pois a maioria é tóxica.
Assim sendo, é normal se preocupar quando esses fungos aparecem no quintal, sobretudo quando há crianças pequenas e animais domésticos, pois é difícil explicar que aqueles “guarda-chuvinhas fofos” representam um grande risco à saúde.
Como identificar os cogumelos de quintal que são venenosos
Certamente uma das primeiras dúvidas ao perceber um crescimento de cogumelos no quintal – ou jardim – é se perguntar se eles são comestíveis ou não. Contudo, não se deve fazer o consumo deles, pois o risco para a saúde está associado à espécie. Assim, como é improvável conhecer todos os tipos, é interessante saber identificar as características próprias dos cogumelos venenosos.
Vale salientar, porém, que formas rápidas de identificação difundidas na internet são, quase sempre, inválidas, uma vez que disseminam mitos ao invés de informações corretas. Como é o caso de afirmar que cogumelos venenosos têm cheiro desagradável, guelras brancas ou gorros vermelhos. Tais declarações não são de forma alguma verdades universais que podem servir de parâmetro para determinar o perigo.
Como então identificar se os cogumelos que estão crescendo em seu quintal são venenosos? Pois bem, uma primeira dica é ter ferramentas básicas que ajudam na identificação da espécie. Para isso, há livros especializados na identificação dos fungos, os quais determinam gênero e família do cogumelo.
Características básicas
Dessa forma, ao perceber que há cogumelos se desenvolvendo no seu quintal, observe as características básicas:
- Forma, cor, tamanho e textura da tampa (parte superior do cogumelo);
- Presença de brânquias, poros, dentes ou se é liso sob o chapéu;
- Se possui brânquias: como elas estão presas ao estipe?;
- Há uma substância leitosa secreta das brânquias?;
- Se há um estipe, ele está presente (o caule)? E qual seu comprimento, textura, cor, fragilidade, etc;
- Contém um véu parcial ou completo?;
- É oco ou carnudo por dentro?;
- O interior da tampa ou estipe fica com uma determinada cor quando cortado ou machucado?
- Possui tamanho único?
Relacione essas características com o material de pesquisa para que seja possível identificar se trata-se de cogumelo venenoso.
Por via das dúvidas, é melhor eliminar os cogumelos do quintal, principalmente para evitar acidentes com pets e crianças. Isso porque segundo o engenheiro agrônomo João Chaddad Júnior, mestre em fisiologia vegetal pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, afirma que “A ingestão de alguns deles pode levar à morte”.
De acordo com um estudo que corrobora com a afirmação, publicado na National Library of Medicine, há cerca de 5,1 milhões de espécies de fungos em nosso mundo [podendo ter muito mais], onde apenas 150 mil deles foram identificados. Portanto, é perfeitamente possível ter uma espécie não identificada crescendo em seu quintal ou jardim.
Como se livrar dos cogumelos sem prejudicar o jardim
Se para os humanos os cogumelos venenosos podem ser fatais, para o jardim eles são benéficos e são um sinal de que o espaço está bem nutrido. Eles adoram locais úmidos e sombreados, por isso é comum que cresçam no jardim.
Embora seja impossível impedir de forma eficaz que os cogumelos apareçam, é possível ficar sem os fungos por algum tempo. Caso eles estejam se alimentando e crescendo numa matéria orgânica conhecida, como um pedaço de madeira, basta remover o cogumelo junto com suas raízes e o pedaço da madeira onde o cogumelo se instalou.
Não se deve utilizar fungicidas, pois são substâncias muito fortes que podem matar seres vivos importantes para o ecossistema do jardim, como minhocas e insetos. Aumentar o pH do solo tornando-o alcalino, é a melhor solução para barrar a alimentação do cogumelo cuja fonte de matéria orgânica não é aparente.