O Cerrado é um dos biomas brasileiros, assim como Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal. Inclusive trata-se de um bioma envolto por outros biomas, funcionando como um elo de transição. Dessa forma, o Cerrado é um local repleto de variadas espécies da fauna e flora e os animais do cerrado também surgem em outros biomas do Brasil.
O Cerrado está localizado no nordeste do Paraguai, leste da Bolívia e em grande parte do Brasil Central, ocupando cerca de 25% do território brasileiro, uma área de cerca de 2 milhões de km². A área engloba os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal e algumas partes de Amapá, Amazonas e Roraima.
Sendo assim, os limites do bioma encontram-se, ao norte, com a Amazônia; ao leste e ao nordeste, com a Caatinga; ao sudoeste, com o Pantanal; e ao sudeste, com a Mata Atlântica. Isso confere ao Cerrado uma característica única: é o único bioma na América do Sul a ter tantos contatos geográficos e biológicos. Dessa maneira, o Cerrado é considerado a savana mais rica do mundo em termos de biodiversidade, pois abrange diversos ecossistemas e ainda abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Bacia Amazônica/Tocantins, Bacia do rio São Francisco e Bacia da Prata.
Características da fauna do Cerrado
O Cerrado possui uma fauna bastante diversa. Catalogadas, são 199 espécies de mamíferos, 864 de aves, 180 de répteis, 210 de anfíbios e 1200 de peixes, somando 2.653 espécies de animais vertebrados. Mas, podem haver espécies ainda não descobertas, afinal, bioma é o terceiro com mais diversidade de fauna, depois da Amazônia e da Mata Atlântica.
Mamíferos
O Cerrado não possui tantos mamíferos, se comparado com outros biomas brasileiros, mas é o segundo bioma brasileiro com maior número de espécies de mamíferos ameaçados de extinção: são 41 espécies, sendo que, entre elas, 12 são endêmicas, ou seja, são animais que só podem ser encontrados ali. Nessa lista preocupante encontram-se a catita, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o veado-campeiro e o lobo-guará. Um exemplo que não deveria se repetir é o do rato-candango, espécie já extinta. O roedor foi descoberto durante a construção de Brasília e por conta da degradação ambiental causada pelas obras, nunca mais foi visto.
Aves
As aves são variadas no Cerrado, entre elas: carcarás, tucanos, araras, maritacas, seriemas, joões-de-barro e araras-azuis. Outra espécie de destaque é o pato mergulhão, uma das aves mais ameaçadas das Américas e uma das mais raras do mundo. Apesar de não ser uma espécie endêmica do bioma, as maiores populações conhecidas da ave habitam a região.
Répteis
No Cerrado não há muitos répteis catalogados, ainda assim podemos encontrar: cobras, como a jararaca, cobra-coral, cobra-capim e a cascavel; jabutis; lagartos e jacarés, incluindo espécies como o jacaré-de-papo-amarelo.
Anfíbios
Diferente dos répteis, as espécies de anfíbios são mais numerosas, entre as espécies mais conhecidas estão: a pererequinha-do-brejo, sapo-cururu, sapo-fusca, entre outros.
Peixes
As espécies de peixes também são vastas no Cerrado. O bioma abriga, por exemplo, o lambari, bicudo, traíra, piranha, pacu, sardinha, dourado, tainha, tucunaré, pirarucu e arraia, entre outros peixes.
Invertebrados
A diversidade dos invertebrados também merece destaque no Cerrado, especialmente os insetos. Estima-se que 90 mil espécies de insetos no bioma. Como esses animais são influenciados pelo clima, o número de espécies pode variar de acordo com a estação do ano, já que eles irão onde houver maior oferta de água e alimentos.
O Cerrado também possui abelhas nativas, que possuem um importante papel na preservação do bioma e para as populações humanas que fazem uso e geram renda com a comercialização do mel, pólen, própolis e cerume. As abelhas das espécies jataís, mandaçaias, tiúbas, limão, uruçu, puxá, são algumas das que podem ser encontradas no Cerrado.
Animais que vivem no Cerrado
Dentre tantas espécies de animais do Cerrado, podemos destacar algumas bem conhecidas:
Anta
A anta é considerada o maior mamífero brasileiro, podendo chegar a pesar 300 kg. Ela tem um papel essencial para a formação e manutenção da biodiversidade dos habitats em que vive. Herbívoras, as antas se alimentam de grandes quantidades de frutos de diversas espécies vegetais e são excelentes dispersoras de sementes. A espécie costuma viver próximo de rios e possui ótimas habilidades no nado.
Seriema
A seriema é uma ave que pode ser encontrada em vários países da América do Sul, tendo como habitats florestas abertas, cerrados e pastagens. Trata-se de uma espécie que possui hábitos diurnos e, no período da noite, costuma dormir nos galhos mais baixos das árvores.
Piracanjuba
A piracanjuba é um peixe de água doce que pode ser encontrado no Cerrado, principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e sul de Goiás. Trata-se de uma espécie que vive em áreas próximas às margens.
Pererequinha do brejo
A pererequinha do brejo é uma pequena espécie de anfíbio que pode ser encontrada em vários países da América do Sul e também vive no Cerrado. A espécie pode chegar a medir 2,5 cm.
Ariranha
A ariranha é um mamífero encontrado apenas na América do Sul. E é conhecida como o maior carnívoro semiaquático da América do Sul. Trata-se de uma espécie que vive perto de rios e tem sua alimentação baseada em peixes. Uma curiosidade é que as ariranhas nadam para trás.
Galito
O galito é uma espécie que habita o Cerrado, principalmente nas áreas próximas a pântanos e brejos. Trata-se de uma ave pequena, que pode chegar a 13 cm de comprimento.
Tatu-canastra
O tatu-canastra, também conhecido tatu-gigante, é um dos mais raros. A espécie pode ser encontrada em outros biomas da América do Sul, mas está em maior quantidade no Cerrado. Trata-se também da maior espécie de tatu do mundo, podendo chegar a medir 1,5 metros e pesar 60kg.
Baiacu
O baiacu é um peixe que vive na água doce e do mar. Os indivíduos da espécie que habitam o Cerrado estão nos rios Araguaia-Tocantins. Uma curiosidade sobre a espécie é que ela infla o corpo quando se sente ameaçada.
Gato-maracajá
O gato-maracajá é uma espécie de felino nativo da América Central e do Sul. Ele possui a aparência bastante similar a jaguatirica, com a diferença de que seu tamanho é menor.
Pato-mergulhão
O pato-mergulhão é uma ave considerada rara, classificada como criticamente ameaçada de extinção. A espécie vive em rios e riachos, sendo ótima nadadora, podendo ficar submersa por até 30 segundos para caçar sua presa, normalmente são pequenos peixes.
Uma das características principais do Pato-mergulhão é que ele vive apenas em águas limpas e em margens com mata nativa. Dessa forma, a ave é uma espécie bioindicadora da qualidade da água.
Jaguatirica
A jaguatirica, também conhecida como gato-do-mato, pode ser encontrada na América Latina e Estados Unidos. Pode ser confundida com a onça-pintada, mas é menor, medindo entre 25 e 40 cm.
Soldadinho
O soldadinho é uma ave conhecida por suas cores: sua crista é vermelha, enquanto penas pretas cobrem seu corpo. A espécie possui distribuição geográfica ampla, podendo ser encontrada em vários estados do Brasil.
Tamanduá bandeira
O tamanduá-bandeira é outro mamífero que pode ser encontrado no Cerrado. A espécie possui hábitos solitários na fase adulta da vida, costumando caminhar longas distâncias para caçar seu alimento. Sua alimentação, aliás, é baseada em formigas, cupins e larvas.
Lobo-guará
O lobo-guará é o maior canídeo da América do Sul, pesando até 30 quilos e medindo cerca de 90 centímetro. Semelhante ao lobo, ele vive de forma solitária e costuma não se aproximar de populações humanas.
João-bobo
O joão-bobo é uma ave pequena, que pesa até 64 gramas e possui uma cabeça considerada desproporcionalmente grande em relação a seu corpo. Trata-se de uma espécie que vive em grupo.
Veado-mateiro
O veado-mateiro, também conhecido como veado-vermelho ou veado-pardo, pode ser encontrado no Cerrado e na Mata Atlântica. Trata-se de uma espécie de mamífero que vive sozinho, exceto no período de reprodução.
Traíra
A traíra é uma espécie de peixe de água doce, que pode ser encontrado em todos os biomas brasileiros, incluindo o Cerrado. A traíra habita locais com água parada, como brejos, represas e lagos.
Cachorro-do-mato vinagre
O cachorro-do-mato vinagre, ou apenas cachorro-vinagre, é um mamífero carnívoro, que possui hábitos diurnos e de caça, mesmo quando em cativeiro. Uma curiosidade da espécie, é que os indivíduos costumam se abrigar em troncos ocos e tocas.
Riscos de extinção para os animais do Cerrado
O Cerrado é um dos biomas brasileiros que mais sofre com a degradação, tendo em vista que possui poucas áreas protegidas por lei. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, hoje restam menos de 20% do território original do bioma e estima-se que 150 espécies de animais do Cerrado correm o risco de extinção.
Assim como em outros biomas, as atividades humanas, realizadas de maneira não sustentável, prejudicam o Cerrado. O extrativismo e a expansão agrícola causam o desmatamento de grandes áreas. A pecuária também tem provocado impacto, pois grandes regiões também são desmatadas para a implementação de pastagens.
Essas atividades, além de descaracterizar o bioma Cerrado, alteram habitats, também interferem com a biodiversidade local, que perde seus habitats naturais e fonte de alimentos. O crescimento urbano desenfreado e tráfico de animais são outras ameaças à fauna do Cerrado.
Algumas espécies de animais do Cerrado que correm o risco de extinção são: a onça-pintada, a jaguatirica, o tatu-canastra, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, a águia-cinzenta, o gato-maracajá, o gato-do-mato pequeno, o cachorro-do-mato-vinagre, dentre outros.