Animais do Cerrado: conheça as principais espécies

O Cerrado é um local repleto de variadas espécies da fauna e flora, mas os animais do cerrado também surgem em outros biomas do Brasil.

Adriana Tinoco
Imagem: Pixabay

O Cerrado é um dos biomas brasileiros, assim como Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal. Inclusive trata-se de um bioma envolto por outros biomas, funcionando como um elo de transição. Dessa forma, o Cerrado é um local repleto de variadas espécies da fauna e flora e os animais do cerrado também surgem em outros biomas do Brasil.

O Cerrado está localizado no nordeste do Paraguai, leste da Bolívia e em grande parte do Brasil Central, ocupando cerca de 25% do território brasileiro, uma área de cerca de 2 milhões de km². A área engloba os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal e algumas partes de Amapá, Amazonas e Roraima.

Sendo assim, os limites do bioma encontram-se, ao norte, com a Amazônia; ao leste e ao nordeste, com a Caatinga; ao sudoeste, com o Pantanal; e ao sudeste, com a Mata Atlântica. Isso confere ao Cerrado uma característica única: é o único bioma na América do Sul a ter tantos contatos geográficos e biológicos. Dessa maneira, o Cerrado é considerado a savana mais rica do mundo em termos de biodiversidade, pois abrange diversos ecossistemas e ainda abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Bacia Amazônica/Tocantins, Bacia do rio São Francisco e Bacia da Prata.

Características da fauna do Cerrado

O Cerrado possui uma fauna bastante diversa. Catalogadas, são 199 espécies de mamíferos, 864 de aves, 180 de répteis, 210 de anfíbios e 1200 de peixes, somando 2.653 espécies de animais vertebrados. Mas, podem haver espécies ainda não descobertas, afinal,  bioma é o terceiro com mais diversidade de fauna, depois da Amazônia e da Mata Atlântica.

animais do cerrado: lobo guará
Animais do Cerrado: o Lobo-guará é uma das espécies símbolo do bioma. Imagem: Adriano Gambarini, em National Geographic Brasil

Mamíferos

O Cerrado não possui tantos mamíferos, se comparado com outros biomas brasileiros, mas  é o segundo bioma brasileiro com maior número de espécies de mamíferos ameaçados de extinção: são 41 espécies, sendo que, entre elas, 12 são endêmicas, ou seja, são animais que só podem ser encontrados ali. Nessa lista preocupante encontram-se a catita, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o veado-campeiro e o lobo-guará. Um exemplo que não deveria se repetir é o do rato-candango, espécie já extinta. O roedor foi descoberto durante a construção de Brasília e por conta da degradação ambiental causada pelas obras, nunca mais foi visto.

Aves

As aves são variadas no Cerrado, entre elas: carcarás, tucanos, araras, maritacas, seriemas, joões-de-barro e araras-azuis. Outra espécie de destaque é o pato mergulhão, uma das aves mais ameaçadas das Américas e uma das mais raras do mundo. Apesar de não ser uma espécie endêmica do bioma, as maiores populações conhecidas da ave habitam a região.

Répteis 

No Cerrado não há muitos répteis catalogados, ainda assim podemos encontrar: cobras, como a jararaca, cobra-coral, cobra-capim e a cascavel; jabutis; lagartos e jacarés, incluindo espécies como o jacaré-de-papo-amarelo. 

Anfíbios

Diferente dos répteis, as espécies de anfíbios são mais numerosas, entre as espécies mais conhecidas estão: a pererequinha-do-brejo, sapo-cururu, sapo-fusca, entre outros.

Peixes

As espécies de peixes também são vastas no Cerrado. O bioma abriga, por exemplo,  o lambari, bicudo, traíra, piranha, pacu, sardinha, dourado, tainha, tucunaré, pirarucu e arraia, entre outros peixes.

Invertebrados

A diversidade dos invertebrados também merece destaque no Cerrado, especialmente os insetos. Estima-se que 90 mil espécies de insetos no bioma. Como esses animais são influenciados pelo clima, o número de espécies pode variar de acordo com a estação do ano, já que eles irão onde houver maior oferta de água e alimentos. 

O Cerrado também possui abelhas nativas, que possuem um importante papel na preservação do bioma e para as populações humanas que fazem uso e geram renda com a comercialização do mel, pólen, própolis e cerume. As abelhas das espécies jataís, mandaçaias, tiúbas, limão, uruçu, puxá, são algumas das que podem ser encontradas no Cerrado. 

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Abelhas uruçu. Foto: Cícero R. C. Omena em Wikipédia

Animais que vivem no Cerrado

Dentre tantas espécies de animais do Cerrado, podemos destacar algumas bem conhecidas:

Anta

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Imagem: Pixabay

A anta é considerada o maior mamífero brasileiro, podendo chegar a pesar 300 kg. Ela tem um papel essencial para a formação e manutenção da biodiversidade dos habitats em que vive. Herbívoras, as antas se alimentam de grandes quantidades de frutos de diversas espécies vegetais e são excelentes dispersoras de sementes. A espécie costuma viver próximo de rios e possui ótimas habilidades no nado. 

Seriema

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Imagem: Pixabay

A seriema é uma ave que pode ser encontrada em vários países da América do Sul, tendo como habitats florestas abertas, cerrados e pastagens. Trata-se de uma espécie que possui hábitos diurnos e, no período da noite, costuma dormir nos galhos mais baixos das árvores.

Piracanjuba

Piracanjuba
Imagem: Creative Commons

A piracanjuba é um peixe de água doce que pode ser encontrado no Cerrado, principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e sul de Goiás. Trata-se de uma espécie que vive em áreas próximas às margens.

Pererequinha do brejo

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Imagem: Creative Commons

A pererequinha do brejo é uma pequena espécie de anfíbio que pode ser encontrada em vários países da América do Sul e também vive no Cerrado. A espécie pode chegar a medir 2,5 cm.

Ariranha

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Imagem: Pixabay

A ariranha é um mamífero encontrado apenas na América do Sul. E é conhecida como o maior carnívoro semiaquático da América do Sul. Trata-se de uma espécie que vive perto de rios e tem sua alimentação baseada em peixes. Uma curiosidade é que as ariranhas nadam para trás.

Galito

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Imagem: Creative Commons

O galito é uma espécie que habita o Cerrado, principalmente nas áreas próximas a pântanos e brejos. Trata-se de uma ave pequena, que pode chegar a 13 cm de comprimento.

Tatu-canastra

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Imagem: Icas

O tatu-canastra, também conhecido tatu-gigante, é um dos mais raros. A espécie pode ser encontrada em outros biomas da América do Sul, mas está em maior quantidade no Cerrado. Trata-se também da maior espécie de tatu do mundo, podendo chegar a medir 1,5 metros e pesar 60kg.

Baiacu

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Imagem: Creative Commons

O baiacu é um peixe que vive na água doce e do mar. Os indivíduos da espécie que habitam o Cerrado estão nos rios Araguaia-Tocantins. Uma curiosidade sobre a espécie é que ela infla o corpo quando se sente ameaçada.

Gato-maracajá

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Imagem: Creative Commons

O gato-maracajá é uma espécie de felino nativo da América Central e do Sul. Ele possui a aparência bastante similar a jaguatirica, com a diferença de que seu tamanho é menor.

Pato-mergulhão

Mergus octosetaceus por Savio Freire Bruno
Imagem: Creative Commons

O pato-mergulhão é uma ave considerada rara, classificada como criticamente ameaçada de extinção. A espécie vive em rios e riachos, sendo ótima nadadora, podendo ficar submersa por até 30 segundos para caçar sua presa, normalmente são pequenos peixes.

Uma das características principais do Pato-mergulhão é que ele vive apenas em águas limpas e em margens com mata nativa. Dessa forma, a ave é uma espécie bioindicadora da qualidade da água.

Jaguatirica

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Imagem: Pixabay

A jaguatirica, também conhecida como gato-do-mato, pode ser encontrada na América Latina e Estados Unidos. Pode ser confundida com a onça-pintada, mas é menor, medindo entre 25 e 40 cm.

Soldadinho

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Soldadinho, ave que pode ser encontrada no Cerrado. Foto: Dario Sanches em Wikipédia

O soldadinho é uma ave conhecida por suas cores: sua crista é vermelha, enquanto penas pretas cobrem seu corpo. A espécie possui distribuição geográfica ampla, podendo ser encontrada em vários estados do Brasil.

Tamanduá bandeira

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Imagem: Pixabay

O tamanduá-bandeira é outro mamífero que pode ser encontrado no Cerrado. A espécie possui hábitos solitários na fase adulta da vida, costumando caminhar longas distâncias para caçar seu alimento. Sua alimentação, aliás, é baseada em formigas, cupins e larvas.

Lobo-guará

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Imagem: Pixabay

O lobo-guará é o maior canídeo da América do Sul, pesando até 30 quilos e medindo cerca de 90 centímetro. Semelhante ao lobo, ele vive de forma solitária e costuma não se aproximar de populações humanas.

João-bobo

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Imagem: Creative Commons

O joão-bobo é uma ave pequena, que pesa até 64 gramas e possui uma cabeça considerada desproporcionalmente grande em relação a seu corpo. Trata-se de uma espécie que vive em grupo.

Veado-mateiro

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Imagem: Creative Commons

O veado-mateiro, também conhecido como veado-vermelho ou veado-pardo, pode ser encontrado no Cerrado e na Mata Atlântica. Trata-se de uma espécie de mamífero que vive sozinho, exceto no período de reprodução. 

Traíra

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Imagem: Creative Commons

A traíra é uma espécie de peixe de água doce,  que pode ser encontrado em todos os biomas brasileiros, incluindo o Cerrado. A traíra habita  locais com água parada, como brejos, represas e lagos. 

Cachorro-do-mato vinagre

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Imagem: Creative Commons
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Imagem: Creative Commons

O cachorro-do-mato vinagre, ou apenas cachorro-vinagre, é um mamífero carnívoro, que possui hábitos diurnos e de caça, mesmo quando em cativeiro. Uma curiosidade da espécie, é que os indivíduos costumam se abrigar em troncos ocos e tocas. 

Riscos de extinção para os animais do Cerrado

O Cerrado é um dos biomas brasileiros que mais sofre com a degradação, tendo em vista que possui poucas áreas protegidas por lei. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, hoje restam menos de 20% do território original do bioma e estima-se que 150 espécies de animais do Cerrado correm o risco de extinção.

Assim como em outros biomas, as atividades humanas, realizadas de maneira não sustentável, prejudicam o Cerrado. O extrativismo e a expansão agrícola causam o desmatamento de grandes áreas. A pecuária também tem provocado impacto, pois grandes regiões também são desmatadas para a implementação de pastagens. 

Essas atividades, além de descaracterizar o bioma Cerrado, alteram habitats, também interferem com a biodiversidade local, que perde seus habitats naturais e fonte de alimentos. O crescimento urbano desenfreado e tráfico de animais são outras ameaças à fauna do Cerrado. 

Algumas espécies de animais do Cerrado que correm o risco de extinção são: a onça-pintada, a jaguatirica, o tatu-canastra, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, a águia-cinzenta, o gato-maracajá, o gato-do-mato pequeno, o cachorro-do-mato-vinagre, dentre outros.

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