Conheça mulheres que fizeram e fazem o mundo da ciência progredir — e entenda por que elas ilustram o que há de melhor na ciência.
Gertrude Belle Elion
A americana Gertrude Belle Elion (1918 – 1999) criou medicações para suavizar sintomas de doenças como Aids, leucemia e herpes, usando métodos inovadores de pesquisa – seus remédios matavam ou inibiam a produção de patógenos, sem causar danos às células contaminadas. Ganhou o prêmio Nobel de Medicina em 1988 em conjunto com James W. Black e George H. Hitchings.
Nise da Silveira
A brasileira Nise da Silveira (1095 – 1999) foi uma renomada médica psiquiatra brasileira. Foi aluna de Carl Jung, lutou contra métodos de tratamento comuns na sua época, como terapias agressivas de choque, confinamento e lobotomia.
Durante a Intentona Comunista, em 1936, foi presa por possuir livros marxistas e acabou conhecendo o escritor Graciliano Ramos, que a transformou em uma personagem de seu livro “Memórias do Cárcere”.
Jane Goodall
A pesquisadora britânica Jane Goodall (1934) ganhou fama no mundo inteiro por conta dos seus estudos com os chimpanzés. Jane viveu por 40 anos na Tanzânia pesquisando de perto as interações sociais e comportamentais destes animais selvagens. Graças a ela, a ciência compreende cada vez mais a real dimensão da cultura e as formas de raciocínio dos primatas. Defensora dos animais, Jane é hoje mensageira da paz das Nações Unidas.
Sonia Guimarães
A Professora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) Sonia Guimarães detém um extenso currículo. Pesquisadora na área de física aplicada, possui PhD em Materiais Eletrônicos pela The University Of Manchester of Science and Technology, tendo atuado na área de ligas semicondutoras e na caracterização de dispositivos fotocondutores, entre outras.
Virginia Apgar
A médica dos Estados Unidos Virginia Apgar (1909 -1974) é a criadora da Escala de Apgar, exame que avalia recém-nascidos em seus primeiros momentos de vida, e que, desde então, diminuiu as taxas de mortalidade infantil. Especialista em anestesia, ela também descobriu que algumas substâncias usadas como anestésico durante o parto acabavam prejudicando o bebê.
Duilia de Mello
A astrônoma brasileira Duilia de Mello é atualmente colaboradora do Goddard Space Flight Center, da NASA, tendo sido selecionada uma das 100 pessoas mais influentes no Brasil em 2014 pela revista Época. Recebeu também, entre outros, o prêmio Portuguese-Brazilian Award 2015, dado aos cidadãos de impacto na comunidade Brasileira e Portuguesa nos EUA.
A cientista Duilia de Mello é também professora titular da Universidade Católica de Washington, onde também é pesquisadora. Autora de mais de cem artigos científicos, a Professora Duilia de Mello pesquisa sobre a evolução e colisão das galáxias, imagens profundas do Telescópio Espacial Hubble e Big Data.
Marie Curie
Considerada a “mãe da Física Moderna”, a polonesa Marie Curie (1867 – 1934), naturalizada francesa, é famosa por suas pesquisas pioneiras sobre a radioatividade, pela descoberta dos elementos polônio e rádio e por conseguir isolar isótopos destes elementos. Foi a primeira mulher a ganhar um Nobel e a primeira pessoa a ser laureada duas vezes com o prêmio: a primeira vez em Física, em 1903, e a segundo em Química, em 1911. O Prêmio Nobel de Física de 1903 conferido a ela foi em reconhecimento pelos extraordinários serviços obtidos em suas investigações conjuntas sobre os fenômenos da radiação, e o Nobel de Química de 1911 por suas pesquisas com o elemento químico rádio. Numa atitude altruísta, Marie Curie acabou não patenteando o processo de isolamento do rádio, permitindo, assim, a investigação das propriedades desse elemento por toda a comunidade científica. Fundou em 1932 o Instituto do Rádio, em Paris, e os Institutos Curie em Paris e Varsóvia. Após a morte de seu marido Pierre Curie em 1906, em um acidente rodoviário, ela ocupou o seu lugar como professora de Física Geral na Faculdade de Ciências da renomada Universidade de Sorbonne, Paris — a primeira mulher a ocupar este cargo.
Foi também nomeada Diretora do Laboratório Curie do Instituto do Radium, da Universidade de Paris, fundado em 1914. Marie Curie Marie Curie teve também um papel significativo como educadora. Em 1885, com apenas 18 anos, exercera a profissão de professora particular para filhos de famílias ricas na Polônia. Aos 33 anos, já na França, Marie torna-se professora secundária, sendo a primeira mulher a participar do corpo docente da Universidade de Sorbonne. Suas ex-alunas contam que ela foi inovadora pois ampliou o tempo de suas aulas, levava-as para conhecer os laboratórios de pesquisa, colocava-as diante equipamentos de experimentos (o que até então era restrito apenas aos garotos) e produzia seu próprio material didático. Irène Joliot-Curie, filha de Marie, também conta que sua mãe, em parceria com outros cientistas, participava de um projeto de ensino nomeado de “cooperativa de ensino” que visava ensinar ciência aos próprios filhos de forma mais prática, experimental, de forma que As próprias crianças faziam os experimentos, obviamente sempre supervisionadas, buscando sempre instigá-las a terem interesse pelo aprendizado. Em 1922 tornou-se membro associado livre da Academia de Medicina. Marie Curie faleceu aos 67 anos de leucemia devido, seguramente, à exposição maciça a radiações durante o seu trabalho.
Jocelyn Bell Burnell
A astrofísica britânica Susan Jocelyn Bell Burnell (1943) descobriu junto com seu professor Antony Hewish as primeiras pulsares, estrelas de nêutrons muito pequenas e muito densas que apresentam campo gravitacional até 1 bilhão de vezes maior que a gravidade na Terra. Infelizmente, Jocelyn Bell Burnell não foi citada no artigo científico com a descoberta, embora ela tenha feito a observação, o qual garantiu o Nobel de Física em 1974 a Hewish. Assim, a honraria acabou apenas nas mãos do seu mentor e de um de seus colegas, Marin Ryle, fato que gerou muitas controvérsias mundo afora. Contudo, Jocelyn Bell Burnell foi premiada com vários outros prêmios, como a Medalha Herschel em 1989, concedida pela Sociedade Astronômica Real e o Prêmio Michael Faraday, concedido pela Royal Society de Londres, em 2010, e a Medalha Real em 2015.
Ada Yonath
A cientista israelense Ada E. Yonath (1939) é conhecida pelos seu trabalhos pioneiros sobre a estrutura do ribossomo, sendo honrada com vários prêmios além do Prêmio Nobel por suas pesquisas em química, no campo da cristalografia. O Prêmio Nobel de Química de 2009, ela levou juntamente com Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz. Ada Yonath fez pós-doutorado na Universidade Carnegie Mellon, em 1969, e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em 1970. No MIT, Ada trabalhou no laboratório do ganhador do Nobel em Química de 1976, William Lipscomb, da Universidade Harvard, onde ela se inspirou a estudar estruturas bioquímicas maiores. Em 1970, ela estabeleceu aquele que permaneceu como sendo o único laboratório de cristalografia de proteínas de Israel, o Instituto Weizmann de Ciência.
Maria Gaetana Agnesi
A matemática, linguista e filósofa espanhola, Maria Gaetana Agnesi (1718 – 1799) descobriu uma solução para equações que, até hoje, é usada. Agnesi é reconhecida como tendo escrito o primeiro livro que tratou, simultaneamente, do cálculo diferencial e integral. Escreveu em latim a obra “Propositiones philosophicae” (Proposições Filosóficas), publicada em Milão em 1738; mas o que a tornou notável foi o seu compêndio profundo e claro de análise algébrica e infinitesimal na obra “Instituzioni Analitiche” (Instituições Analíticas), traduzida para o inglês e para o francês.
É ela a autora do primeiro livro de matemático escrito por uma mulher. Também foi a primeira a ser convidada para ser professora de matemática em uma universidade. Durante uma década, Agnesi escreveu uma obra de dois volumes; o primeiro deles, com mais de mil páginas tratava de aritmética, álgebra, trigonometria, geometria analítica e cálculo. O segundo abrangia equações diferenciais. Foi a primeira obra que uniu as ideias de Isaac Newton e de Gottfried Leibniz. É dela também a autoria da chamada “curva de Agnesi”.
Johanna Döbereiner
Agrônoma de origem tcheca e naturalizada brasileira, Johanna Dobereiner (1924 – 2000) foi decisiva na história da soja tropical brasileira. Graças às suas pesquisas, o Brasil economizou bilhões de reais em adubos e inseticidas nos últimos 30 anos. Pioneira em biologia do solo, a agrônoma é a sétima cientista brasileira mais citada pela comunidade científica e a primeira entre as mulheres.
Pesquisadora da Embrapa, suas pesquisas foram fundamentais para que o Brasil desenvolvesse o Proálcool e se tornasse o segundo produtor mundial de soja. Por ocasião da introdução da soja no Brasil na década de 60, Johanna tomou partido em favor do aproveitamento das associações entre plantas e bactérias fixadoras de nitrogênio, opondo-se a utilização de adubação nitrogenada obrigatória, desenvolvendo uma tecnologia capaz de diminuir ou até mesmo eliminar nossa dependência dela, poupando atualmente entre um e dois bilhões de dólares por ano, o que teve impacto direto na economia nacional. Seu trabalho com fixação biológica do nitrogênio permitiu que milhares de pessoas consumissem alimentos mais baratos e saudáveis, o que lhe valeu a indicação ao Prêmio Nobel em 1997. No entanto, Johanna Döbereiner é pouco conhecida no Brasil.
Françoise Barré-Sinoussi
A virologista francesa Françoise Barré-Sinoussi (1947) foi a responsável por uma das descobertas mais impactantes das últimas décadas. Com o auxílio dos colegas Luc Montagnier e Harald zur Hausen, Françoise descobriu o HIV, o vírus causador da AIDS, em 1983.
O trio de pesquisadores foi laureado com o Nobel de Medicina em 2008, sendo que metade do prêmio foi dividido entre ela e Luc Montagnier, “pela descoberta do vírus da imunodeficiência humana” — e a outra metade do prêmio foi para Harald zur Hausen “por sua descoberta do vírus do papiloma humano causando câncer cervical”. Em 2012, a cientista assumiu o posto de presidente da Sociedade Internacional de AIDS para o biênio 2012-2014.
Ada Lovelace
Ada Augusta King, Condessa de Lovelace, conhecida com Ada Lovelace (1815 – 1852), é creditada como a primeira programadora do mundo por sua pesquisa em motores analíticos – a ferramenta que baseou a invenção dos primeiros computadores. Suas observações sobre os motores são os primeiros algoritmos conhecidos. Matemática e escritora inglesa, Lovelace escreveu o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina: a máquina analítica de Charles Babbage. Durante o período em que esteve envolvida com o projeto de Babbage, ela desenvolveu os algoritmos que permitiriam à máquina computar os valores de funções matemáticas, além de publicar uma coleção de notas sobre a máquina analítica. Por esse trabalho é considerada a primeira programadora de toda a história.
Fabiola Giannotti
A italiana Fabiola Gianotti é a física por trás do experimento ATLAS, um dos maiores projetos em execução na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN), o maior laboratório de física de partículas do planeta. No CERN desde 1987, Gianotti coordena mais de 3 mil físicos de 169 instituições de pesquisas científicas diferentes localizadas em 37 países. Foi ela que, em 2012, anunciou ao mundo a descoberta do Bosón de Higgs pelos experimentos ATLAS e CMS. O Bóson de Higgs, apelidado pela mídia não especializada de “partícula de deus”, é uma partícula elementar do Modelo Padrão da física de partículas.
Premiada em diversas ocasiões e instituições, ela foi eleita em 2013 pela Sociedade Italiana de Física com a ganhadora do prêmio Enrico Fermi. É doutora honoris causa pelas Universidade de Uppsala, McGill, de Oslo, de Edinburgo e Escola Politécnica Federal de Lausanne. Graças ao seu papel no laboratório, Fabiola foi uma das finalistas do posto de “Personalidade do Ano” da revista Time em 2012, mas acabou perdendo a eleição para o então presidente dos Estados Unidos Barack Obama.
Dorothy Crowfoot Hodgkin
Dorothy Mary Crowfoot Hodgkin (1910 – 1994) conhecida profissionalmente como Dorothy Hodgkin, foi uma bioquímica britânica que desenvolveu a cristalografia de raios X, pela qual ela ganhou o Prêmio Nobel de Química, em 1964. Ela avançou a técnica cristalografia de raios X, método utilizado para determinar estruturas tridimensionais de biomoléculas.
Entre suas mais importantes descobertas está a estrutura da penicilina, que Ernst Boris Chain e Edward Abraham tinham presumido anteriormente e a estrutura da vitamina B12, pela qual ela se tornou a terceira mulher a ganhar o Nobel em Química.
Mayana Zatz
Bióloga molecular e geneticista brasileira, a professora do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo Mayana Zatz (nascida em 1947 em Tel Aviv, Israel) é coordenadora do Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Nacional de Células-Tronco em Doenças Genéticas da FAPESP e professora titular de genética do Instituto de Biociências da USP.
Pesquisadora em genética humana, com contribuições principalmente no campo de doenças neuromusculares (distrofias musculares, paraplegias espásticas, esclerose lateral amiotrófica) em que é pioneira, atualmente seu laboratório no Centro de Estudos do Genoma Humano da USP também realiza relevantes pesquisas no campo de células-tronco.
Publicou mais de 280 relevantes trabalhos científicos no área da genética humana, com contribuições principalmente no campo de doenças neuromusculares (distrofia musculares, paraplegias e esclerose lateral amiotrófica), como em que é pioneira.
Em 2001, Mayana Zatz recebeu o prêmio latino-americano dos Prêmios L’Oréal-UNESCO para mulheres em ciência, em 2006 o prêmio Personalidade do Ano da Ciência segundo a revista IstoÉ Gente e, em 2009, o Prêmio México de Ciência e Tecnologia 2008, entre outros prêmios.
Florence R. Sabin
A médica Florence R. Sabin ( 1871 – 1953) é conhecida como “a primeira-dama da ciência americana”. Ela se destacou no estudo dos sistemas linfático e imunológico do corpo humano. Tornou-se a primeira mulher a ganhar uma cadeira na Academia Nacional de Ciência dos EUA e, além disso, militava pelo direito de igualdade das mulheres.
Florence R. Sabin foi uma pioneira para as mulheres na ciência. Ela foi a primeira mulher a ocupar um cargo de professora na Escola de Medicina Johns Hopkins, a primeira mulher eleita para a Academia Nacional de Ciências e a primeira mulher a dirigir um departamento no Instituto Rockefeller para Pesquisa Médica. Em seus anos de aposentadoria, ela seguiu uma segunda carreira como ativista de saúde pública no Colorado, Estados Unidos, e em 1951 recebeu o prêmio Lasker Award por este trabalho — prêmio esse que é concedido anualmente desde 1945 a pessoas vivas que tenham trabalho de destaque em saúde pública ou em benefício da medicina naquele país.
Irène Joliot-Curie (em pé ao lado de sua mãe Marie Curie)
A química francesa Irène Joliot-Curie (1897 – 1956) é filha do casal Marie Curie e Pierre Curie. Aos 24 anos ela escreve seu primeiro artigo científico. Em 1926 ela se casa com Frédéric Joliot-Curie, que conhece durante o período em que trabalhou no Instituto do Rádio da Universidade de Paris, fundado por sua mãe Marie Curie.
Iréne Joliiot-Curie e Frédéric Joliot-Curie receberam em 1935 o prêmio Nobel de Química pela descoberta da radioatividade artificial. Isso tornou a família Curie a maior ganhadora de prêmios Nobel até hoje.
Em 1938, sua pesquisa sobre a ação dos nêutrons nos elementos pesados foi um passo importante na descoberta da fissão do urânio. Indicada para professora em 1932, tornou-se professora na Faculdade de Ciências de Paris em 1937 e depois diretora do Instituto Radium em 1946. Irene participou na criação e na construção da primeira pilha atômica francesa (1948). Ela estava preocupada com a inauguração do grande centro de física nuclear em Orsay para o qual ela elaborou os planos. Este centro foi equipado com um sincro-ciclótron de 160 MeV, e sua construção foi continuada após sua morte por F. Joliot.
Irène Joliot-Curie se interessou pelo progresso social e intelectual das mulheres, tendo sido membro do Comité Nacional da União das Mulheres e do Conselho Mundial da Paz. Em 1936, Irène Joliot-Curie foi nomeada Subsecretária de Estado para a Investigação Científica. Ela era membro de várias academias estrangeiras e de numerosas sociedades científicas, tinha doutorado honoris causa de várias universidades. Ela morreu em Paris em 1956. Os dois filhos do casal, Hélène e Pierre, também se tornaram cientistas.
Além do Nobel, Irène Joliot-Curie recebeu a Medalha de ouro do Barnard College, por mérito e serviço à Ciência, em 1940, entre outras premiações.