Segundo novo estudo, formigas trocam cuspe para apoiar os membros mais valiosos da colônia. Esse fluido contem diversos componentes, os quais permitem o crescimento, armazenamento de alimentos e até maior tempo de vida.
Os pesquisadores suíços descobriram que as formigas cuidadoras têm níveis mais altos de antioxidantes numa espécie de “saliva”, a qual passa de boca em boca, e chama-se fluido trofalático Portanto, eles acreditam que essa classe de formigas sacrifica sua longevidade pelo bem da colônia.
Além disso, a pesquisa acrescenta mais peso às sugestões de que as colônias de formigas agem como uma única criatura conhecida como “superorganismo”, embora sejam compostas por muitos indivíduos.
“Nós exploramos se a troca de proteínas pelas formigas está ligada ao papel de um indivíduo na colônia ou ao ciclo de vida da colônia e descobrimos que alguns membros da colônia podem fazer trabalho metabólico para o benefício de outros”, explicou o autor principal da pesquisa Dr. Sanja Hakala.
Um pouco mais sobre as formigas:
As formigas fazem parte da família Hymenoptera, assim como outros insetos sociais como abelhas e vespas. Além disso, muitos desses insetos são sociais, isto é, os indivíduos se especializam em certos papeis dentro de uma colônia.
Geralmente, as formigas mais novas cuidam dos filhotes da colônia e depois colaboram para a alimentação da colônia. Esse ato acontece boca a boca com o transporte do fluido trofalático, e é semelhante ao sangue distribuindo nutrientes, hormônios e outros compostos úteis entre os indivíduos.
“Essas trocas de fluidos permitem que as formigas compartilhem alimentos e outras proteínas importantes que as próprias formigas produzem”, explicaram os cientistas.
Como as formigas trocam cuspe?
A fim de avaliar quais compostos estavam no fluido e como isso mudou ao longo do tempo, os pesquisadores usaram formigas carpinteiras, cujas colônias mudam de estrutura dependendo da idade.
Assim, eles coletaram espécies e levaram ao laboratório, os animais foram criados nas mesmas condições que as ambientais e os autores avaliaram como as formigas trocam cuspe e qual a composição do fluido
Ao final, concluíram que o fluido trofalático contém um complexo coquetel de proteínas que variam entre colônias e formigas individuais. No geral, 519 proteínas foram identificadas, das quais apenas 27 eram compostos centrais encontrados em todas as amostras.
Também identificaram variações entre as proteínas dependendo de qual responsabilidade a formiga possui na colônia. As formigas cuidadoras tinham mais antioxidantes no “cuspe” do que as outras. Além disso, a idade da colônia também variava na quantidade dos componentes do líquido. Enquanto as colônias jovens priorizam o crescimento com níveis mais altos de proteínas de processamento de açúcares, as mais velhas tendem tinham mais moléculas de armazenamento.
Por fim, os autores querem aprofundar os estudos sobre o papel de cada proteína do fluido trofalático e saber como cada formiga sabe quais moléculas produzir e a quem entregá-las.