Os ursos pandas são mamíferos e se destacam pela tradicional pelagem branca e preta. A dieta desses animais é rica em bambu e eles vivem, normalmente, no sul e leste da China. Apesar dessa alimentação “saudável”, os pandas pesam entre 70 e 120kg.
Comumente, as pessoas imaginam que uma dieta mais baixa em gordura, resulta em menor peso. Mas não é o que ocorre com os pandas e, por isso, a comunidade científica buscou respostas. Em estudo disponível no Cell Reports, há a explicação desse mistério e a solução está mais uma vez na microbiota intestinal!
Por que os os ursos pandas não engordam?
Para responder essa pergunta, os pesquisadores realizaram um transplante de microbiota fecal. Isto é, um camundongo livre de germes recebeu fezes de um panda em extinção (o panda gigante). Pode parecer nojento, mas é uma forma prática de estudar uma microbiota em laboratório. Inclusive, na medicina humana, um transplante fecal é capaz de restaurar um ambiente saudável no intestino!
Um dos autores, Guangping Huang, explicou porque não podemos simplesmente utilizar os pandas para a análise. Sendo estas suas palavras: “Para animais selvagens ameaçados e vulneráveis, não podemos fazer testes diretamente neles”. Vale ressaltar que não seria possível manter os animais em um laboratório de forma saudável e livre de estresse, pois estariam muito longe de seu habitat natural.
Além disso, o estudo também considerou as variações das bactérias intestinais conforme as mudanças nas estações do ano. Como resultado, pela primeira vez, os estudiosos estabeleceram uma relação causal entre a microbiota intestinal e o ambiente ao redor dos ursos pandas.
Os pesquisadores já sabiam que, durante a estação de alimentação de brotos, os pandas são normalmente mais gordinhos. Por isso, para avaliar essas condições, os autores do artigo transplantaram as amostras fecais de animais nessa estação para os camundongos.
Depois disso, eles perceberam que esses camundongos cresceram mais rápido e também engordaram mais. Enquanto os camundongos que receberam fezes da estação de folhas, não tiveram um grande aumento no peso, mesmo comendo a mesma quantidade.
Além disso, também aconteceu a identificação de uma bactéria, Clostridium butyricum, de forma mais abundante durante a estação de alimentação de brotos. Segundo eles, ela é a chave para o ganho ou perda de peso dos pandas.
As consequências da pesquisa
Esse estudo permitiu uma maior compreensão das interações hospedeiro-micróbio em mamíferos selvagens. Mas os autores acreditam que os resultados possam auxiliar também a medicina humana. Nesse sentido, Huang afirmou: “Identificar quais bactérias são benéficas para os animais é muito importante, porque um dia poderemos tratar algumas doenças com probióticos.”
Por fim, a pesquisa também auxiliará outras que utilizem o transplante fecal como modelo. Um dos autores disse: “Nossa pesquisa criou um modelo de camundongo para futuros experimentos de transplante fecal que podem ajudar a estudar a microbiota intestinal de animais selvagens”.