Apesar de receber os apelidos de morcego-do-mar, peixe-diabo ou raia-diabo, a raia manta é um gigante pacífico. Estes peixes enormes são altamente inteligentes e registros em vídeo mostram que elas podem até mesmo dar instruções a pequenos peixes que limpam seu corpo.
De tempos em tempos, as raias mantas voltam a lugares específicos em recifes de corais habitados por peixes “faxineiros”. Estes faxineiros do mar comem a sujeira da superfície do corpo de raias e tubarões, como é o caso do simpático castanheta-das-rochas (um peixe de recifes que atinge 25cm de comprimento).
Em um exemplo clássico de mutualismo ecológico, os tubarões e raias saem ganhando, com menos sujeira no corpo e riscos menores de infecções. Os peixes faxineiros também ganham pois têm uma fonte extra de comida.
Acontece que a raia manta tem a maior relação entre tamanho corporal e cerebral de todos os peixes. Assim, as mantas não só se limpam com o auxílio de outros peixes, mas também indicam quais partes do corpo precisam de mais limpeza. Confira no vídeo abaixo, publicado pela Smithsonian Magazine.
Acima, a raia manta move curiosamente as partes do corpo que precisam de mais atenção de seus funcionários terceirizados.
Características e curiosidades da raia manta
Até 2008, acreditava-se que existia apenas uma espécie de raia manta no planeta. Contudo, uma pesquisa de 2008 identificou duas espécies distintas destes animais. A raia manta dos corais (Mobula alfredi) passa a maior parte de sua vida em recifes de corais e têm até 3,5 metros de envergadura.
Já a raia manta oceânica gigante (Mobula birostris) passa pouco tempo em recifes e prefere o mar aberto. Esta segunda espécie pode atingir 7 metros de envergadura e pesar até três toneladas. Além disso, as raias mantas oceânicas recebem a classificação de ameaçadas (endangered) de acordo com a IUCN. As mantas dos corais, por outro lado, estão mais ameaçadas e entram na categoria vulnerável (vulnerable).
Assim como as baleias de barbatanas e os tubarões-baleia, as mantas são predadores filtradores. Ou seja, elas se alimentam principalmente do zooplâncton em águas rasas ou profundas.
Ademais, estes gigantes podem viver até 50 anos e tem filhotes em um intervalo de alguns anos – um ciclo de reprodução lento. Isso contribui, por conseguinte, com as ameaças ecológicas da espécie, caracterizadas principalmente pelos efeitos da sobrepesca.
A raia manta, assim como diversos tubarões, fornece nadadeiras e placas de guelras para um mercado (ilegal) que movimenta 30 milhões de dólares todos os anos, segundo o New York Times.
