Identificada pelo órgão de anilhamento britânico em 30 de julho de 2005, na Ilha de Bardsey, em Gwynedd, País de Gales, a ave tinha apenas um ano de vida quando foi solta.
Agora, depois de 16 anos, a ave foi encontrada morta no dia 31 de outubro, na Praia Brava em Florianópolis, pela equipe do PM-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos) durante monitoramento diário das praias.
Desde o dia 29 de setembro de 2021 já foram encontradas mais de 20 aves desta espécie nas praias de Florianópolis.
A equipe R3 Animal explica que, quando estão debilitadas, essas aves acabam encalhando, podendo até mesmo morrer. E foi o que aconteceu com esta ave, encontrada a mais de 9,9 mil quilômetros de distância de onde foi identificada.
Aves bobos-pequenos encontradas em Florianópolis
Em pouco mais de um mês essa foi a 25ª ave da espécie encontrada nas praias da Capital. Infelizmente, apenas seis estavam vivas no momento do resgate, as quais, por estarem muito debilitadas, acabaram falecendo.
Suelen Goulart, bióloga e assistente técnica do PMP-BS/R3 Animal (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos) em Florianópolis, explica que a espécie é comum nas águas da plataforma continental do Sul do Brasil após o seu período reprodutivo no hemisfério Norte, de maio a setembro
“São aves que podem ser avistadas por aqui em mar aberto de setembro a novembro, e sua presença em áreas costeiras e praias se dá principalmente quando debilitadas ou trazidas por ventos em condições climáticas extremas”, comenta Suelen.
A espécie da ave
Elas são aves da família procellariidae e da ordem dos Procellariiformes. Desse modo, são aves marinhas com hábitos pelágicos ou oceânicos, da mesma forma que os albatrozes e outros petréis.
Os tubos nasais acima do bico dos bobos-pequenos são uma das características mais notáveis desse pequeno petrel e de todos os integrantes da sua família.
“O bobo-pequeno é uma ave de menor porte quando comparado com outros integrantes de sua família, possuindo uma envergadura de 82 centímetros, a porção dorsal do corpo e a cabeça de coloração negra, enquanto que o ventre é em grande parte na cor branca”, explica Suelen. Medem entre 30 e 38 centímetros de comprimento.
“É uma ave migratória que se reproduz em ilhas do Atlântico Norte, se distribuindo em áreas da Islândia até Portugal e ainda na costa leste do continente americano”, complementa Suelen.
O valor do anilhamento para a preservação das espécies
As aves marinhas voadoras que são reabilitadas e liberadas pelas ações da R3 Animal através do PMP-BS recebem uma anilha (anel de identificação).
Para caso seja resgatado novamente, é feita uma marcação de um código alfanumérico único, o qual permite o reconhecimento do indivíduo.
No Brasil, quem administra o Cemave (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres) é o SNA (Sistema Nacional de Anilhamento) e fornece as anilhas, órgão ligado ao ICMBio.
Desse modo, através da observação e identificação de anilhas, pode-se rastrear o descolamento de onde a ave foi anilhada e o destino de cada indivíduo, podendo se obter informações valiosas sobre migração, tendências populacionais e uso dos habitats naturais das espécies.