Como a comida era conservada antes das geladeiras?

Mateus Marchetto
Imagem: luctheo / Pixabay

As geladeiras são ferramentas essenciais para o armazenamento de alimento. Muitas comidas, como frutas e carnes, se degradam e apodrecem em apenas alguns dias na falta de refrigeração. Ainda assim, mesmo os ancestrais caçadores-coletores dos seres humanos deram um jeito de conservar carne de mamute.

As primeiras geladeiras começaram a surgir no mercado ainda na primeira metade do século XVIII. Os protótipos, contudo, eram bastante diferentes dos refrigeradores que conhecemos hoje. Alguns se baseavam em líquidos refrigerados, enquanto outros criavam espaços com vácuo para refrigerar e isolar termicamente alimentos.

Antes disso, portanto, a grande maioria dos métodos de conservação de alimento também tinha o objetivo de atacar a atividade biológica. Isso porque, vale lembrar, são microrganismos presentes no ambiente e na comida que causam o apodrecimento da matéria orgânica.

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Imagem: Kevin Phillips / Pixabay 

Assim, a cura de alimentos quase sempre foi uma opção viável, dependendo da disponibilidade de sal. O termo “cura”, neste caso, se refere à adição de sal a uma comida – geralmente carnes – para criar um ambiente dessecado e livre de microrganismos. Isso porque bactérias e fungos quase sempre não sobrevivem em ambientes muito salinos.

Defumar a carne e alimentos também funciona. Nesse caso a conservação acontece pela retirada de água e adição de compostos de carbono sobre a comida. A fumaça tem efeito bactericida e, ademais, algumas madeiras não-resinosas são as mais indicadas para a defumação, como o carvalho.

Alimentos enlatados e com conservantes naturais também se baseiam em evitar a proliferação de microrganismos pelo pH e salinidade.

Contudo, as geladeiras têm um princípio fundamental na conservação: a temperatura. Por isso, mesmo nossos ancestrais já se aproveitavam do gelo da natureza.

Conservando carne de mamutes muito, muito antes das geladeiras

Fato é que o planeta era muito mais gelado e coberto de gelo há, digamos, 15 mil anos. Portanto, nossos ancestrais Homo sapiens poderiam encontrar uma abundância de gelo para conservar seus alimentos de forma relativamente fácil. O problema então era afastar predadores e carniceiros.

Em 2015, por exemplo, fazendeiros descobriram a ossada de um mamute em uma plantação no Michigan. Após retirar o fóssil do bicho do solo em menos de um dia, pesquisadores descobriram que o paquiderme tinha sido na verdade uma presa, provavelmente de seres humanos.

Para além disso, algumas partes do animal foram intencionalmente colocadas em um pequeno lago de água congelante. Essa é, por conseguinte, uma das evidências recentes de que mesmo nossos ancestrais mais antigos já conservavam alimentos. Alguns ossos do mamute inclusive estavam sob pedras, o que sugere que os sapiens podem ter feito seu alimento afundar a força.

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Imagem: M W / Pixabay 

Contudo, a preservação da comida neste caso não aconteceu só pelo efeito da água. Na verdade, um microrganismo ajudou, na falta de geladeiras. Algumas bactérias do gênero Lactobacillus podem fermentar alimentos de forma a produzir ácido lático. Esse último composto ajuda a refrear a propagação de outras bactérias que iriam degradar a comida.

Esse tipo de conservação acontece, aliás, ainda atualmente em processos de produção de diversos alimentos.

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